Corpo e Mente

Minha Jornada na Corrida: Como 1 Minuto se Transformou em 3k

Há um ano, eu estava começando algo que parecia impossível: correr. Mal conseguia correr um minuto sem sentir que meu corpo estava no limite. Intercalava esses pequenos momentos de corrida com quatro minutos de caminhada, tentando recuperar o fôlego e me perguntando se algum dia eu realmente conseguiria evoluir.

O progresso foi lento, muitas vezes frustrante. Foram quatro meses de avanços minúsculos, em que a dúvida sobre a minha capacidade me acompanhava a cada passo. Mas havia uma voz que acreditava em mim mais do que eu mesma: o Gui. Foi ele quem me convenceu a começar, quem me apoiou em cada fase desse processo, e quem esteve ao meu lado, acreditando que eu poderia alcançar o que parecia impossível.

Em janeiro deste ano, resolvi dar mais um passo em direção ao meu objetivo e comecei a treinar com a assessoria da Zero Quarenta. Sob a orientação cuidadosa da Pamela Gautto, as mudanças começaram a aparecer. A corrida, que antes era um monstro invencível, começou a se tornar parte de mim. Treino após treino eu registrava no meu perfil no Strava e comparava o quanto eu evoluia.

E então aconteceu: eu consegui correr 3k direto, sem parar. Não vou dizer que foi fácil. Naquele dia de treino eu estava em outra cidade, elaborando o trajeto na mente enquanto corria, com o Gui ao meu lado me guiando pelas ruas de Novo Hamburgo. O final foi em uma subida íngreme. A respiração difícil. As pernas pesadas. Não acreditei que conseguiria. Quando marcou os 3k no relógio eu soltei: “acabou!” Naquele momento, as lágrimas vieram, não de cansaço, mas de pura emoção. Eu estava realmente correndo!

Mas a vida, como sempre, apresentou seus desafios. A enchente que atingiu o RS me forçou a parar por dois meses. A região central de Porto Alegre, onde moro, ficou embaixo d’água por 30 dias, a academia onde treinava desapareceu. Os locais onde eu corria ficaram submersos. Quando as águas baixaram começou a reconstrução. A cidade não é mais a mesma. Precisei trocar de academia porque ela ainda não reabriu, pois, assim como muitos lugares, a reconstrução é lenta e custosa.

Foi um período difícil, sem corrida, sem fortalecimento. Quando tentei voltar, percebi o quanto havia perdido. Cada quilômetro parecia mais longo, cada passo mais pesado. Mesmo assim, eu não desisti. Aos poucos, fui retomando os treinos e recuperando meu fôlego. E nesse último final de semana eu voltei a correr 3k sem caminhar, quando participei da minha primeira prova. Eu passei dias de nervosismo achando que não conseguiria, que ainda não estava preparada. O medo de não conseguir terminar, de precisar caminhar, de ter dor de barriga, de errar o trajeto, de chegar em último lugar ecoavam na minha cabeça. Todos esses medos quase me fizeram desistir antes mesmo de começar. Mas chegando na Rótula das Cuias cedinho, vendo todas aquelas pessoas empolgadas, com o apoio do Gui que foi me acompanhar, eu percebi que eu não tinha o direito de desistir.

Poa Day Run, domingo, dia 18 de agosto

Dados do Strava sobre a corrida Poa Day Run, com mapa do trajeto.

O início da prova foi emocionante. Milhares de pessoas. Uma energia contagiante. O primeiro quilômetro apitou no relógio e só então eu me dei conta que eu estava realizando um sonho. Quando cheguei nos dois quilômetros eu já estava cansada, mas não o suficiente para parar ou caminhar. Quando estava chegando nos três, o pórtico que marca a linha de chegada parecia um oásis. Eu segui firme e chegar foi uma das sensações mais mágicas que eu já tive. As lágrimas vieram de novo. Até a fila para pegar a merecida banana e a medalha pareceu um universo paralelo. Ali eu era minha própria heroína. Segurar aquela medalha nas mãos foi mais do que uma conquista física; foi a vitória sobre as vozes internas que sempre tentaram me convencer de que eu não era capaz.

Superar a mente, que tantas vezes nos limita, é talvez a maior vitória de todas. Durante anos, eu carreguei a ideia de que, com o peso que tenho, não seria possível ter fôlego, resistência ou condições de praticar atividade física de forma constante. Essa crença estava enraizada em mim, e me impedia de tentar. Hoje, eu vejo o quanto ela estava errada. E essa superação é o que me faz seguir em frente.

Sonhei com esse momento por décadas

Correr sempre foi um sonho distante, algo que eu admirava nas telas enquanto assistia, por exemplo, o Fox Mulder em “Arquivo X” correndo de moletom cinza nos dias de frio. Parecia algo para outros, não para mim. Já coloquei em mais de uma lista de metas anuais a ideia de que naquele ano eu começaria. Quando escrevi minhas metas para 2023, a corrida apareceu de maneira discreta. Com um trabalho de convencimento do Gui, a meta finalmente virou realidade. Em 2023 eu comecei. Tímida. Mas para tudo é preciso o primeiro passo. Agora, depois de duas décadas, posso finalmente dizer que consegui! Foram 3k, e já estou sonhando com os 5k, 10k… E quem sabe até mais.

A alegria de segurar essa medalha é inexplicável!

A jornada ainda não acabou. Cada nova meta alcançada traz consigo um novo desafio, uma nova barreira a ser quebrada. Mas o que aprendi nesse processo é que não importa o quanto pareça difícil, com persistência, trabalho duro, apoio e a crença em si, tudo é possível. Por isso já estou traçando estratégias para evoluir ainda mais, com a certeza de que a disciplina, o trabalho consistente e o tempo serão meus aliados para resultados cada vez melhores. E você, já superou um desafio pessoal que parecia impossível? Compartilhe sua história de superação nos comentários!

Anarca, feminista, vegana, cat lady, bookworm, roller derby, hiperbólica, entusiasta das plantas e constante aprendiz. Rainha de paus, professora de história, amante de histórias. Meu peito é de sal de fruta fervendo num copo d'água. ♀️✊Ⓥ

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Maíra Mello
21 de agosto de 2024 11:22 am

Adoro acompanhar a experiência de outras pessoas com a corrida. Você já leu o livro “Do que eu falo quando falo de corrida”do Murakami?

Ano passado eu comprei uma esteira porque onde eu moro chove e faz muito frio a maior parte do ano. Já corri fora de casa por um tempo, mas era só o tempo piorar pra eu ficar sem correr e depois era muito difícil voltar. Esse ano confesso que estou desmotivada e nunca mais corri. Mas semana passada me inscrevi na academia depois de anos procrastinando porque tenho sentido falta de me movimentar. Espero voltar a correr logo.

Um abraço,
Maíra

Maíra Mello
21 de agosto de 2024 11:27 am

Adoro acompanhar a experiência de outras pessoas com a corrida. Você já leu “Do que eu falo quando falo de corrida” do Murakami?

Ano passado comprei uma esteira pra correr em casa porque onde eu moro chove e faz frio a maior parte do ano. Eu já corri fora de casa, mas era só começar a chover pra eu parar de correr e depois era muito difícil voltar.

Esse ano confesso que a esteira está parada porque ando desmotivada. Mas semana passada eu me inscrevi na academia depois de anos procrastinando porque tenho sentido falta de me movimentar e tenho sentido dores no corpo. Espero voltar a correr logo.

Um abraço,
Maíra Mello

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