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A saga da estante arrumada

Eu estou há tempos fazendo uma limpeza geral nos livros. Eu já reorganizei e separei o que fica e o que sai da estante. Tenho muita dificuldade em me desapegar dos livros lidos, porque a maioria são livros que eu gostei. No entanto, adotei um critério. Os livros que eu classifiquei no Goodreads com três ou menos estrelas não ficam. Por quê? Porque eles não mexeram muito comigo. Não foram leituras que me moveram por demais. Então eles saem.

Mas isso gera um fenômeno…

Eu sempre tenho mais livros não lidos do que livros lidos na estante. Aliás, ainda estou correndo atrás de ler tudo que tenho pendente nas prateleiras e a conta não é muito favorável pra mim. São muitos, muitos mesmo, os livros não lidos. Eu tinha até vergonha de ter tanto livro e não ter lido tudo. Afinal de contas sempre tenho que responder para as visitas a famosa pergunta: “você já leu tudo isso?”. Toda vez que alguém vem aqui em casa.

Por que as pessoas insistem em fazer essa pergunta? Elas já leram todos os livros que tem em casa? Tem livro em casa? Leram alguma coisa na vida? Eu acho perfeitamente normal alguém ter livros não lidos em casa, afinal de contas nós compramos ou ganhamos livros numa velocidade muito maior do que lemos. E só alguém muito controlado só compra um livro depois de ter lido o anterior.

Aqui em casa eu resolvi tentar solucionar esse problema que é a diferença gigantesca entre livros lidos e livros não lidos com uma regrinha básica. Eu tenho lido basicamente o que eu já tenho (ou ebooks – que eu também consegui acumular centenas deles na fila para ler), então eu decidi que para comprar um livro eu preciso primeiro ler 10 livros que eu já tenha. E para cada livro lido, o critério da classificação menor ou igual a três estrelas é igual a sair da estante para venda ou doação permanece. No entanto, essa regra não está sendo aplicada aos livros que precisei ou vou precisar para o mestrado. Por motivos de: eu compro e leio para a pesquisa, então eles não ficarão parados na estante pegando poeira por meses ou anos. Nesse processo eu tenho lido muita coisa que não estou gostando, e portanto, que estão saindo da estante.

Eu já consegui reduzir uma estante inteira de livros. Antes eu tinha cinco estantes lotadas e mais a parte de cima delas abarrotadas. Hoje eu tenho quatro bem distribuídas e alguma coisa sobre elas. Mas a meta é diminuir ainda mais a quantidade de livro em casa. Não que eu não ache lindo as estantes cheias uma do lado da outra. Eu amo. Mas só de pensar na próxima mudança me desce um calafrio pelas costas. E eu tenho entrado numa vibe de querer uma biblioteca com curadoria, não um acúmulo da maior quantidade de títulos possíveis. Assim, minha estante ideal tem gêneros, autoras e autores, títulos que tenham relação comigo, com quem eu sou e o que penso sobre o mundo. Uma biblioteca que eu olhe e pense, é isso, essa é a MINHA BIBLIOTECA.

Com menos títulos, a bagunça também diminui. E finalmente consegui organizar! Porque não basta decidir critérios para os livros que ficam, eu preciso de critérios de organização. E como fiz isso? Separei primeiro entre ficção/memórias/autobiografia/biografia e teóricos. Aí separei os teóricos por grandes áreas de conhecimento (por exemplo: história, filosofia, teoria literária, política) e depois organizei por sobrenome da autora/autor. Os de ficção/memórias/autobiografia/biografia eu separei os de literatura brasileira primeiro e depois por língua de origem (língua portuguesa, língua espanhola, língua inglesa – que são os que tenho muitos) e depois os que tenho menos títulos, separei por lugar (Japão, Rússia, França, Suécia, etc.). E de novo, organizei dentro dessas grandes áreas por sobrenome de autora/autor.

Deu um trabalhão, mas o resultado ficou ótimo. Muito mais fácil de encontrar alguma coisa. E, organizando assim, dei falta de três títulos que estão emprestados há anos e provavelmente nunca mais retornarão. Acontece. E essa organização não é definitiva. Conforme as estantes vão ganhando uma cara diferente eu posso pensar em novas formas de organizar que reflitam melhor o que elas contém. Estou muito satisfeita de ter feito isso. Me ajuda a me organizar e fica muito melhor de visualizar o que eu tenho e mensurar as desigualdades nas prateleiras. Eu percebi, por exemplo, que eu tenho muita coisa de língua inglesa, espanhola e portuguesa e quase nada de literatura francesa. Tenho mais russos que franceses na estante. Não que isso seja um problema, mas eu não sabia disso até organizar tudo.

Qual a próxima etapa de organização? Digitalizar tudo isso. Ter um programinha no computador que simule uma biblioteca e eu consiga acessar uma lista do que tenho, o que empresto, o que retorna, etc. Eu já achei o programa que eu quero, mas ainda não consegui instalar no MacBook. Ele é um banco de dados e ando sem tempo de estudar pra entender como funciona a instalação. Aliás, aceito esse trabalho voluntário de quem quiser instalar pra mim.

O que eu faço o com os livros que saem da estante? Eu vendo a maior parte deles no meu bazar online, o LaBruja, ou em feiras que eu participo esporadicamente. Se você se interessou em adquirir meus desapegos, entra lá no instagram do La Bruja e fica de olho que sempre tem coisa nova.

Anarca, feminista, vegana, cat lady, bookworm, roller derby, hiperbólica, entusiasta das plantas e constante aprendiz. Rainha de paus, professora de história, amante de histórias. Meu peito é de sal de fruta fervendo num copo d'água. ♀️✊Ⓥ

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