Ouvindo

eu te amo, Rita Lee

Ousada, genuína, original, talentosa. São tantos os adjetivos, a hipérbole sempre verdadeira. Rita me ensinou muito ao longo da minha vida. Desde muito nova, ainda na adolescência, eu já ouvia suas músicas, comprava seus discos, seja na carreira solo, seja ao lado de suas bandas (e Mutantes, como eu amo Mutantes com Rita), já adulta li sua autobiografia, li livros sobre os Mutantes, acompanhei nas redes quando ela era ativa no twitter, no Instagram. Ela é uma das maiores cantoras e compositoras da história da música brasileira. A rainha do rock brasileiro. Uma das mulheres mais inspiradoras da música.

Eu me identificava muito com ela, com as músicas, sempre me considerei uma ovelha negra. E me inspirava em seu espírito rebelde. Não queria luxo, nem lixo, meu sonho é que ela fosse imortal. Ou pelo menos imaginava que ela viveria até 3001 para ver como o mundo ficou. Que as ervas venenosas secariam com o poder daquelas que já morreram na fogueira, das apaixonadas e das que fazem amor por telepatia. Nós tínhamos um caso sério, não dá para ficar imune ao poder do tal de Roque Enrow da Rita Lee.

E agora ela nos deixou. Uma tristeza tão grande quanto sua genialidade. Ela vai fazer muita falta. Vai não, já faz muita falta. A música brasileira precisa da irreverência e espontaneidade, da criatividade e da ousadia dela. Eu, como fã, sentirei muita falta.

Eu ainda não processei que agora vivemos em um mundo sem Rita. Sua obra permanecerá viva. Seu legado musical, seus livros, seus ensinamentos, mas o tempo verbal será sempre no passado. Ela foi, ela era, ela fazia, ela cantava, ela escrevia, ela falava. Serão apenas lembranças. E elas estarão sempre temperadas com nostalgia e um pouco de tristeza. Tristeza de nunca ter visto a musa ao vivo, tristeza por saber que o final foi dolorido para ela e para a família. Tristeza por saber que nunca mais lerei manchetes dizendo “Rita Lee lança novo disco” ou “Música nova da rainha do rock”.

É dolorido pensar que mesmo que sua obra permaneça viva, que eu tenha muitos de seus discos em vinil ou CD, que possa ouvir suas músicas em serviços de streaming, que eu tenha seus livros, que vídeos e mais vídeos dela (com entrevistas, videoclipes, etc.) estejam disponíveis na rede, não vai ser o mesmo. A música brasileira precisa da irreverência e espontaneidade, da criatividade e da ousadia. Eu, como fã, sentirei muita falta. Além da dedicação a música ela se dedicava à causa animal. A bruxona amava gatos. Como não amar essa mulher?

Anarca, feminista, vegana, cat lady, bookworm, roller derby, hiperbólica, entusiasta das plantas e constante aprendiz. Rainha de paus, professora de história, amante de histórias. Meu peito é de sal de fruta fervendo num copo d'água. ♀️✊Ⓥ

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