Autocuidado,  Lendo

Sobre autoconhecimento e mais um projeto

Então… Eu tenho um livro comprado há muito tempo em Buenos Aires que é uma “antologia de poesia gay e lésbica” como consta no título. Chama Amores Iguales. Ok. E o que isso tem de especial? Bom, eu sempre disse, desde adolescente, que sou bissexual. Pois bem cara leitura e caro leitor. Ando numa fase de buscar entender melhor o que isso significa e entender de fato quem eu sou.

Eu fui encontrando pistas que deixei para mim mesma ao longo da minha vida. Livros, filmes, séries, artistas, biografias, arte com essa temática estiveram sempre presentes na minha rotina e no meu gosto. Mesmo que a temática não faça parte do cânone. O que eu estava tentando mostrar? O que eu queria dizer para mim? Hoje eu entendo que eu estava conversando simbolicamente com a mais profunda parte de mim, aquela que estava escondida e não conseguia se mostrar, não conseguia emergir do soterramento que a criação em uma família evangélica e uma sociedade heteronormativa produziram. Eu precisava olhar pra essa parte da minha vida com mais carinho e compreender melhor quem e como eu sou.

Eu preciso olhar e compreender mais esses sentimentos soterrados e ajudar a tirar cada uma das pedras que estão matando essa Dani escondida há tanto tempo. Eis que o livro Amores Iguales (e os 123 autores de épocas distintas) está na minha estante há muitos anos e sequer foi aberto. Logo, ele precisa ser lido. Aí eu pensei: e se eu lesse cada poema como uma forma de alimento para minha alma e para minha busca pelo autoconhecimento? Disso veio a ideia de compartilhar um poema por dia dessa antologia com vocês. Ir lendo o livro aos pouquinhos. Descobrindo um pouco mais sobre as autores e autores. Descobrindo um pouco mais sobre a história da homossexualidade. Encarando as transformações que ela sofreu ao longo do tempo através da poesia.

Então é isso. Eu vou ler um poema por dia e compartilhá-lo pelo Twitter com vocês. Eu até pensei em fazer aqui no blog, mas como eu tenho estado bem ausente por aqui, o blog acabaria se transformando em um repositório de poemas e não teria mais tanto conteúdo original, o que é exatamente o oposto do que eu quero com essa casinha virtual.

Como o livro foi comprado na Argentina, os poemas estão em espanhol. Então eu vou transcrevê-los por lá dessa forma. E pretendo deixar uma estrofe em cada tweet (quando isso for possível, e quando não for farei do jeito que couber o poema da melhor forma). Mas na correria é possível que algumas vezes só tenha mesmo uma foto do poema tirada com o telefone celular. Além disso, deixarei um link para algum texto bacana sobre a autora ou o autor do poema do dia. Quando os poemas forem de autoria repetida eu deixarei todos na mesma meada (a forma mais poética que eu já vi de chamar as tais das threads).

Então vou me alimentar de poesia e refletir sobre mim. Que alimento melhor teria para isso, hein? Ajudem-me a manter o projeto vivo. Eu estou bem empolgada. E, de quebra, ainda vou divulgar mais a poesia LGBTQ+ produzida desde a antiguidade. Quem sabe assim eu e vocês não conheçamos poetisas e poetas que nunca tenhamos ouvido falar ou nos interessado por? Não é demais?

E espero que no processo eu descubra novas autoras e autores, tanto com a antologia quanto com sugestões de vocês. Como esse livro não é muito recente, provavelmente não tem muita coisa contemporânea. Estou contando com vocês para me indicarem as poetisas (em especial) e os poetas contemporâneos. Vem comigo que vou começar hoje mesmo! <3

Safo e Erinna em um jardim em Mytilene, 1864 (Galeria Tate Britain) – a primeira poetisa na antologia <3

Anarca, feminista, vegana, cat lady, bookworm, roller derby, hiperbólica, entusiasta das plantas e constante aprendiz. Rainha de paus, professora de história, amante de histórias. Meu peito é de sal de fruta fervendo num copo d'água. ♀️✊Ⓥ

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