Um pouco depois do início desse ano mandei um email com currículo para inscrição na Bienal do Mercosul, almejando o posto de mediadora. Cheia de expectativas com as possibilidades que esse emprego pudesse trazer, embora temporário e sem a tal da efetivação, monitorei diariamente a caixa de entrada do Gmail aguardando a tão esperada resposta. Quando enfim passei os olhos pelo email com a data da entrevista já senti um alívio, e ao mesmo tempo o coração disparou. Afinal tinha sido selecionada entre as mais de 800 inscrições. A partir desse momento foram muitas as etapas. A entrevista coletiva, o nome na lista dos selecionados para o curso de mediadores do Projeto Pedagógico da Bienal do Mercosul. E finalmente o nome na lista dos selecionados para mediadores!
Com a conclusão do curso veio a saga do contrato. Corre de cá pra lá para assinar as quatro vias, enfrenta as filas homéricas do SAE devido a paralisação dos servidores da UFRGS (que apóio indiscutívelmente!). Contrato assinado, período de formação. Quinze dias antes do início da exposição as equipes, já divididas por roteiros, iniciam um árduo trabalho de pesquisa sobre os artistas da mostra pela qual são responsáveis. Sempre com o auxílio dos supervisores e assitentes se mostraram dispostos, atenciosos e acessíveis. Minha equipe, responsável pela Mostra Três Fronteiras, pequena no tamanho, mas enorme nas idéias, se entrozou rápido. Foram muitos os encontros, muitos os horários e muitos os sorrisos. A pesquisa não foi fácil, mas foi extremamente prazeirosa. O espaço é o Cais do Porto, carinhosamente apelidado anteriormente por Caos do Porto.
Os artistas, bem esse é um capítulo a parte, mas de extrema importância. Quatro nomes que até o início do curso, lá no começoo do ano, eram totalmente desconhecidos. No entanto a presença, a fala, a obra, o carisma, a simplicidade de cada um deles foi indispensável para o meu apego bairrista à mostra. A-1 53167 (Aníbal Lopez), Daniel Bozhkov, Jaime Gili e Minerva Cuevas. Cada um deles com um trabalho anterior que tentamos desvendar por nossa pesquisa. Quando os vi e ouvi pela primeira vez foi como se já nos conhecêssemos de outros carnavais. Cada um com seu jeito peculiar de ver o mundo e de contar o mundo. Nem a impossibilidade linguística que pairou sobre nossas cabeças foi capaz de impedir um compreensão tão espontânea e gostosa como a que fui capaz de experimentar. O espanhol nunca foi problema pra mim, mas o inglês falado pelo búlgaro Daniel parecia intransponível. E foi com grande surpresa que já nas primeiras palavras pude compreender tudo o que dizia (tres semestres de curso parecem pouco, mas ajudam pra caramba). Tornaram-se amigos, foram responsáveis por boa parte dos novos discursos, mesmo que eternamente mutantes, das nossas mediações.
A despedida dos artistas foi triste, cada um deles voltando para sua terra, seu lar. Suas obras vão me acompanhar até o fim da exposição, até o fim da vida. As experiências ficam, marcadas na mente, internamente presentes para todo o sempre. As vivências com os colegas, que agora são os mais novos amigos também ficam. As conversas, as caminhadas, os lanches e as especulações. As lagarteadas na beira do Guaíba. A vista linda. Os navios, barcos e aviões avistados continuamente. As fotografias, as leituras, as trocas, as mediações, tudo fica. Até Novembro serão reais, depois, lembranças, e sempre saudade. Posso, pela primeira vez, afirmar que estou no melhor emprego da minha vida, que de tão bom tenho sérias dúvidas em chamar tudo isso simplesmente de emprego!
Nossa, só de ler eu fiquei maravilhada, fantasiando essa experiência de estar envolvida por grandes idéias! =]
Acho que esse teu emprego deve ser mesmo uma maravilha. Meus parabéns por ter sido selecionada. Aproveita bastante, quero tudo na ponta da lÃngua quando eu for te levar teu cd!! Beijos!
bom d+ a gente fazer aquilo q gosta… bjos…
Daniiiii, amei o teu blog, especialmente o texto de mediação, tmb sinto tudo isso!! que maravilhosa nossas três fronteiras!! Que espetáculo nossos colegas!!E como são gente fina nossos supers!!Uma experiência impagavel…
Obs: um dia espero mediar que nem tu!!!