Lendo

Eu continuo tentando ler romances policiais

O Jardineiro NoturnoO Jardineiro Noturno by George Pelecanos
My rating: 3 of 5 stars

Esse foi o meu primeiro contato com uma obra de Pelecanos. Eu sei do currículo extenso dele (como roteirista e escritor), mas nunca vi nenhuma das séries em que ele trabalhou (a mais famosa delas eu acho que foi The Wire) e nem tinha lido nenhum de seus livros. Confesso que no início da leitura estava com pouco interesse pelos personagens e pela trama em si (um crime que remontava a uma série de assassinatos que ocorreram em 1985 precisava ser desvendado).

Até mais ou menos a página 150/160 eu estava enrolando na leitura de um jeito que estava me incomodando. Nada acontecia, o crime parecia não ter qualquer relação com as tramas pessoais apresentadas e eu não estava satisfeita com o clima geral do livro. Felizmente, depois disso a coisa começa a engrenar. Tudo fica mais ágil e um interesse começa a surgir pelo desenrolar de tudo.

Eu não sou a maior fã de romances policiais. Já li alguns e na maioria das vezes fiquei extremamente decepcionada com a forma como as mulheres são retratadas ou como os clichês se repetem exaustivamente. Pelecanos me surpreendeu positivamente nesse aspecto, embora em alguns momentos eu sentisse uma pitada de “eu sabia que ia cair nessa descrição objetificante” nas apresentações das personagens femininas. No entanto, esses momentos não foram tantos quanto em outros livros e nem foram tão descarados também. Mas o mais surpreendente foi a forma como a questão da homossexualidade masculina entre a população negra foi abordada. Fiquei bem feliz com isso e como esse elemento trouxe uma força maior para o enredo e para o desenvolvimento de um dos personagens.

A segunda metade do livro parece deixar mais em evidência questões sociais e raciais, problematizando um pouco menos do que eu gostaria, mas trazendo à tona debates essenciais para pensar a realidade das comunidades afro americanas e o papel da polícia nos Estados Unidos dos séculos XX e XXI. Mas algumas coisas das subtramas pareciam meio forçadas, ou pelo menos não me pareceram estar muito bem encaixadas na trama principal. Porém, o final surpreendente pareceu apagar um pouco esses descontentamentos ao longo da leitura.

Finalmente posso dizer que eu li um romance policial e gostei. Coisa rara e que não acontecia desde, pelo que me lembro, a leitura da trilogia Millennium. Mas não se tornou um favorito.

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Anarca, feminista, vegana, cat lady, bookworm, roller derby, hiperbólica, entusiasta das plantas e constante aprendiz. Rainha de paus, professora de história, amante de histórias. Meu peito é de sal de fruta fervendo num copo d'água. ♀️✊Ⓥ

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