O corpo é um templo. O toque, a carícia só ocorre com consentimento. É nele que moram nossas fraquezas, nossos desejos, nossos pensamentos. Quando o nosso corpo é violado nos sentimos incapazes. Todas as certezas se vão juntamente com a proteção que sempre pensamos ter. É como se de repente a bolha de vidro que protege o corpo do mundo se quebrasse, ficássemos expostos, sem qualquer reação. A violência, por menor que seja (se é que pode se estabelecer graus à violência), destrói aquilo que chamamos de dignidade. Diminuídos perante o mundo, perante nós mesmo. É só assim que percebemos o quão pequenos somos, o quão frágil é nossa existência. O quão insignficantes somos para o mundo, como individualmente perecemos com medo, disfarçando nossos temores, escondidos, todos eles, no nosso templo particular. Um templo, lugar sagrado para nós mesmos, de repende violado, maculado, por vezes mutilando nossa existência.
Daniela
Anarca, feminista, vegana, cat lady, bookworm, roller derby, hiperbólica, entusiasta das plantas e constante aprendiz. Rainha de paus, professora de história, amante de histórias. Meu peito é de sal de fruta fervendo num copo d'água. ♀️✊Ⓥ
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Feliz Primavera
Foi tu que escreveu?? Ficou muito bom, eu poderia usar isso pra um processo de danos morais!! 😉
Agora falando sério: acho que se pode estabelecer graus de violência. A violência faz parte do nosso cotidiano, em maior ou menor escala, mas sempre faz parte e nós mesmos somos agentes dela de vez em quando.
Sim, escrevi. Obrigada. E escrevi justamente porque me senti exatamente assim. Sábado fui violentada… Nada de muito sério, mas fiquei bem perturbada com o que aconteceu. Sábado à tarde, depois da Bienal, um mendigo do nada correu em minha direção e me derrubou no chão em uma cena surreal que lembra uma jogada do tal futebol americano.
E quanto aos graus de violência, podemos sim estabelecer graduações racionais para ela. No entanto, fico pensando na pessoa que sofre uma violência, ela sempre vai achar que aquilo foi a maior coisa do mundo. No meu caso, eu fiquei perturbadÃssima. Claro, hoje eu dou risada disso, mas na hora chorei muito, me senti mesmo da maneira que descrevi no texto. E racionalmente pensando não foi nada demais, só fui empurrada, machuquei feio o joelho e tal, mas em comparação com outras violências foi mÃnimo. Não pra mim, na hora.
Beijos… 🙂
belo post… show de bola mesmo.
beijo moça
Como não foi nada? Claro que foi! Mas a culpa não foi tua, e te cuida quando sair dali, que é meio vazio mesmo. Beijos.
Olá. Gostaria de te convidar para participar do MortÃfaga Award. Sua presença é muito bem-vinda!
Pois, antes que violem meu corpo do que minha mente!!! Posso perder minha dignidade, mas, não abro mão de minha privacidade nunca!! E minha privacidade se mantém em meu cérebro. O corpo é quase todo uma mentira…
Acho que você está certa… Por mais que o corpo seja quase todo uma mentira, como disse a Tati, acho que ele também é a nossa maior representação no mundo. Quando ele é atingido, podemos ser atingidos por completo.
Mas há também o que a mente pode ser capaz de “engolir”. É uma questão de situação.
A violência contra o corpo pode não ser nada quando você está disposto a defender uma causa, a ser torturado para manter segredos, etc; mas, em outras situações, essa mesma violência pode abrir uma vunerabilidade descomunal na nossa mente…