Reflexões

100% CRIME!

Na noite de ontem, no programa “Fantástico” da TV Globo, uma matéria chamou muito a minha atenção, a disputa entre os criminosos do latifúndio, os ambientalistas do Greenpeace e os moradores do Pará.

Me intrigou muito o espaço destinado a esse tipo de matéria. As imagens são chocantes. A disputa vem de tempos, e apesar de a ONG Greenpeace, ter deixado o lado ONG pra trás e ter se transformado em empresa, eu admiro o trabalho dos seus militantes e em especial o trabalho que fazem no Pará em prol da Floresta Amazônica.

Eu fico indignada com esses latifundiários com seus argumentos estúpidos para justificar o desmatamento da floresta. Um deles inclusive chegou a afirmar que desmatar não é crime. O argumento principal desses criminosos diz respeito à produção do soja. Eles afirmam que desmatam para alimentar o paí­s e diminuir a fome. Ora, se a produção fosse feita realmente para o país, mas é produto para alimentar gado e para exportação. E como bem disse uma das moradoras, o dinheiro não fica para a comunidade, fica tudo no bolso dos fazendeiros ricos. O pior é que esses latifundiários são do Sul e Sudeste do país, na sua maioria, e vão pra lá justamente para ganhar mais dinheiro, pois são terras federais, irregulares.

Os criminosos do latifúndio querem que o governo regularize suas terras, o IBAMA fica quase sem ação, pois de um lado há a pressão dos fazendeiros, que matam pra conseguir o que querem (lembre-se da irmã americana assassinada ano passado), de outro os ambientalistas que exigem a expulsão desses que matam e desmatam, e os moradores que cada vez mais são excluí­dos e obrigados a migrarem de seus locais de origem. Ao manifestarem-se, os militantes ecológicos são ameaçados e presos, como foi o caso do porto de 20 milhões de dólares construí­do para facilitar a exportação desses produtos plantados ilegalmente. Os ecologistas foram barrados pelos seguranças e tiveram seu navio destruído pelos fazendeiros. Quem foi preso pela Polícia Federal? Os militantes, é claro, levando em consideração que a polí­cia só existe para um único fim, proteger, mas não a população em geral, e sim a classe e burguesa e sua propriedade.

A imagem que ficou como sí­mbolo dessa luta foi a enorme faixa amarela, com a escrita “100% CRIME” estendida em uma das plantações, logo após destruí­da pelo fazendeiro e seu carro (o mesmo que afirmou: “desmatar não é crime”). Essa é uma luta que deve ser incorporada ao nosso cotidiano. Em pequenos atos, em militância ou apoio às entidades ou organizações ambientais. Essa luta é nossa, e não deles. Estamos distantes geograficamente, mas isso não pode impedir de nos solidarizarmos com nossos companheiros, a Amazônia é de todos.

Anarca, feminista, vegana, cat lady, bookworm, roller derby, hiperbólica, entusiasta das plantas e constante aprendiz. Rainha de paus, professora de história, amante de histórias. Meu peito é de sal de fruta fervendo num copo d'água. ♀️✊Ⓥ

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juliane
12 de junho de 2006 5:49 pm

Concordo plenamente contigo!! Achei ridiculo aqule cara dizer “Desmatar não é crime”…
É triste ter que conviver com realidades como esta!!
Estamos insatisfeitos??
Então vamos mudar,levantar nossas bundas e fazer algo!
Pode contar cmg!
rsrsrs
Bjos e dá uma olhada no meu álbum no orkut…surpresa!!

Last edited 3 anos atrás by Daniela
Gu Coelho
Gu Coelho
12 de junho de 2006 8:58 pm

Pois é, Minha Amiguinha, a coisa vai de mal a pior… há alguns meses, vi o número aproximado de ativistas mortos na região amazônica nos últimos anos no site do Greenpeace. Mesmo com todos os problemas que a entidade tenha mostrado com o tempo, não é algo de se duvidar. A morte da tal Irmã Doroty Stang foi só mais um número nos mais 2 mil (que, segundo o site, eram apenas as lideranças…). Levando em consideração que o caso só veio à tona por envolver atritos diplomáticos, (pois ela era dos EUA, como a senhorita mesma lembrou), podemos imaginar que a situação está consideravelmente f***! Casos como este mostram o quanto o Estado está debilitado (isso para não entrarmos na questão da corrupção como tu bem falaste), pensar no trabalho que os portugueses tiveram para estender o poder do Estado até as periferias do território não parece algo tão distante quando vemos esses “vazios” de poder. Claro, “vazio” entre milhões de aspas, porque manda quem tiver mais condições de dar um belo de um pontapé nos respectivos traseiros de quem gritar contra todo esse monte de fezes… enfim, acho que é um pouco isso… compartilho da tua indignação, Minha Cara… e também estou com saudades… beijos!

Last edited 3 anos atrás by Daniela
Aline
13 de junho de 2006 10:35 pm

Apesar de todos os aspectos menos positivos, o Greenpeace ainda serve para chamar nossa atenção para o que acontece com o meio ambiente enquanto o excelentí­ssimo senhor presidente se ocupa em chamar o Ronaldinho de gordo (e tá mesmo, diga-se de passagem).
Difí­cil mesmo é saber o que fazer diante de toda essa sujeira, com a qual poucas pessoas realmente se importam.

Last edited 3 anos atrás by Daniela
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