Chega o final de ano e fico nostálgica. Sempre penso em fazer uma retrospectiva e acabo não fazendo. Esse ano, finalmente, resolvi fazer e foi um excelente exercício. Vem comigo, descobrir meus pontos baixos e altos do ano, o que fiz, o que li, o que assisti e o que pretendo fazer no próximo ano.
Pontos baixos
Em 2022 aquilo que eu já temia ficou ainda mais evidente: saúde mental. Eu sofro mentalmente desde a adolescência e tem sido cada vez mais difícil conviver com isso. Com tantas coisas que aconteceram desde março de 2020 e a pandemia, eu tenho buscado ajuda gradualmente, em passinhos de formiga, porque primeiro preciso fazer um trabalho de autoconvencimento. Preciso me desprender dos preconceitos com a psiquiatria e com medicação antes de qualquer coisa. É um trabalho duro, mas tem funcionado. Este ano eu cheguei “no fundo do poço” não uma, mas duas vezes e achei que não terminaria 2022. Mas finalmente estou buscando ajuda e tratando como deveria essa questão.
Este ano também enfrentei um dos términos de relacionamentos mais difíceis. Um amor que não vai embora nunca, mas que tem se transformado em carinho lentamente. Um término inesperado e que doeu tanto que foi gatilho para uma das crises mais complexas da minha saúde mental.
Enfrentei muitas dificuldades no trabalho também, dificuldade em lidar com pessoas (hey, eu sou professora, eu praticamente lido com pessoas o tempo todo), principalmente com colegas. Tanto daqueles que eu já tinha certas desavenças no campo político, quanto com pessoas que eu genuinamente gosto. Enfrentar uma eleição como a nossa numa escola com pessoas que defendem o extremo oposto do que eu considero mínimo para considerar um ser humano passível de ser respeitado foi uma das coisas mais difíceis que precisei fazer. Nem sempre acertei nas minhas atitudes, mas procurei fazer meu melhor dentro das circunstâncias. Além disso, a escola foi parcialmente destruída por um temporal e isso impactou nossa rotina, nosso ânimo e nossa esperança de um ano melhor.
E talvez a coisa mais triste de todas (o outro gatilho para uma das piores crises que já tive) foi perder a Willow em maio deste ano. Minha gata companheira desde 2012 me deixou muito doente e foi um dos piores momentos da minha vida. Ver ela morrendo, sofrendo, a cada dia, foi muita dor para nós duas. A decisão mais difícil que já tomei, com certeza. Porém, contei com a ajuda de muita gente linda que vai estar sempre no meu coração (muita gratidão). Pessoas que me apoiaram e me ajudaram financeiramente. Meu muito obrigada, mais uma vez.
Pontos altos
Eu entrei no Doutorado. EU ENTREI NO DOUTORADO! O processo seletivo, na verdade, iniciou e terminou em 2021. Mas eu só fiz a matrícula e descobri que ganhei a bolsa que cobre as taxas da universidade em março. Desde então, eu sou filha da PUC. Mais especificamente doutoranda vinculada ao PPGH da PUCRS e bolsista CAPES/PROSUC. Que orgulho. E quase tudo que tenho de bom para falar nesse 2022 é resultado dessa nova empreitada. Foi lá que conheci pessoas maravilhosas que agora eu chamo de AMIGUES (oi João, oi Ray). Conheci e criei uma relação maravilhosa com a minha orientadora. Fiz leituras e debati com pessoas de alto nível acadêmico. Conheci uma delegação de professores bolsistas Fullbright lá do Arizona que vieram passar um mês aqui e se tornaram amigos do coração. Fiz a seleção para doutorado sanduíche como bolsista Fullbright nos Estados Unidos e cheguei entre os 50 finalistas, o que foi uma grande surpresa para mim. Minha única viagem a passeio foi para São Francisco de Paula para fazer uma trilha maravilhosa no parque das 8 cachoeiras com os amigos do Arizona e foi maravilhoso.
Outra coisa maravilhosa que aconteceu em 2022 foi poder ter passado meu aniversário em um retiro no Templo Budista de Três Coroas com pessoas que eu amo e admiro muito, aprendendo e praticando. Além disso, em 2022 eu consegui praticar, embora sem muita regularidade, algumas atividades físicas: caminhei, ensaiei uma corrida e fiz ioga. Ainda andei um pouco de bicicleta. Tudo maravilhoso.
Leituras
Esse ano eu reaprendi a ler! Finalmente consegui um ritmo de leitura que me agradou. Foram 52 livros, o que daria um livro por semana ao longo de todo o ano. Mas claro que não foi assim. Eu tive meses que li muito e outros que li um livro só. O ritmo acelera e desacelera conforme as demandas da vida adulta, crises na saúde mental e demandas de trabalho e doutorado batem à porta. Totalmente normal. E coo diz minha booktube favorita: se compare a você mesmo, não aos outros. Foi assim que consegui chegar nos 52 livros lidos em 2022 e mais três que ficaram por terminar em 2023, totalizando 12032 páginas.
Li livros de 50 autores diferentes, 19 países e 7 continentes (divido as Américas). Favoritei 11 livros e apenas 3 eu não gostei. Foram 30 livros escritos por mulheres. O mais curto foi uma históra em quadrinhos chamada Click, da Samanta Flôor, com 36 páginas, e o mais longo foi Outlander, de Diana Gabaldon, com 866 páginas.
Os três piores
Os livros favoritos
Haruki Murakami
Menções honrosas: Ponciá Vicêncio (Conceição Evaristo) e a série Heartstopper (Alice Oseman).
Filmes
Nesse ano eu não vi tantos filmes quanto gostaria. Foram 82 filmes vistos, sendo a maioria de terror (34), a maioria dos Estados Unidos (66), em inglês (67). Bem colonizada ela.
2022 Year in Review for @clandestini on @letterboxd
Séries
Em 2020 e 2021 eu vi tanta série que eu acho que enjoei. Não consigo mais ficar na frente da TV assistindo coisas por longos períodos. Então vi muito menos TV esse ano. Apenas 5 foram filmes revistos. Dos 82, 25 foram lançados em 2022. Diferente dos filmes, o aplicativo que uso para registrar as séries que vejo não me forneceu estatísticas específicas de 2022, então não sei quantas vi, quantas comecei, quantas terminei. Só sei que tem muita coisa para terminar…
E em 2023?
Eu organizei alguns objetivos para ser o meu ano, finalmente, de dar uma guinada em alguns aspectos da minha vida:
- Equilibrar os gastos até o mês de abril, o que significa ajustar as contas e saldar dívidas para não ficar na berlinda todos os meses.
- Fazer um desenho por semana (queria um por dia, mas me conheço) para voltar a fazer uma das coisas que mais gosto na vida e até acho que levo jeito. Quem sabe no futuro eu consiga viver disso?
- Ainda no quesito arte, quero também fazer uma colagem (seja digital ou analógica) por semana para resgatar esse antigo passatempo.
- Realizar novamente a aplicação para o doutorado sanduíche, dessa vez mais preparada e focada.
- Chegar ao final do ano preparada para a qualificação e com boa parte da tese escrita (imagino dois capítulos).
- Conseguir manter minha organização fora da minha cabeça. Comprei um planner da Cícero e quero usá-lo com consistência para liberar minha cabeça de manter tudo sob controle.
- Conseguir cozinhar para a semana, fazendo marmitas para levar que durem a semana toda e sejam gostosas.
- Continuar praticando atividades físicas, mas nesse ano quero regularidade, consistência e resultados.
- Com as atividades físicas pretendo emagrecer 10 quilos, e ganhar massa muscular, bem como ter fôlego para correr.
Se eu conseguir cumprir esses objetivos, vou considerar um saldo muito positivo no final do ano. Seja bem-vindo 2023, vamos ser maravilhosos juntos.
Tenho dois desses livros da sua lista na minha! O da Camila e o da Isabel. Quem sabe esse ano consigo ler? Meu planner também é da Cícero e comprei pelo mesmo motivo. Estando lá escrito eu tiro o assunto da minha cabeça.
Oi Lilian, bem-vinda!
Quando ler me conta o que achou <3
E o planner, por enquanto, está funcionando. Vamos vendo.