Assistindo

Casablanca (1942)

Casablanca aparece constantemente em listas de melhores filmes de todos os tempos de muitos cinéfilos pelo mundo. Eu, ao contrário, sequer tinha visto o filme até ontem (08/03/2011). Uma vergonha, eu sei. Milhares de desculpas podem ser colocadas aqui, no entanto, usarei este espeço para algo tanto melhor: falar sobre a experiência de ver esse filme maravilhoso e concordar que sim, ele é um dos melhores filmes já feitos. Afinal, existem filmes que todos sabem que são clássicos e que por vários motivos acabamos deixando para depois.

Com uma rica atmosfera que envolve a cidade de Casablanca no Marrocos Francês, personagens complexos e magníficos – até mesmo os personagens coadjuvantes na história ajudam na composição da atmosfera da cidade e do filme – com todas as nacionalidades ali representadas na fuga em massa do povo europeu do nazi-fascismo que estava em expansão durante a II Guerra Mundial e em busca da liberdade das Américas. Um dos filmes com os melhores e mais memoráveis diálogos da história do cinema, como “We‘ll Always Have Paris“, pronunciado nos últimos minutos da película e inesquecível. E muitos deles com um leve toque de cinismo.

A trama gira em torno de dois vistos roubados de oficiais nazistas encontrados mortos pela polícia local. Um alto oficial alemão chega à Casablanca para impedir que eles cheguem às mãos de um famoso refugiado da resistência, e no drama romântico do triângulo que se forma entre o americano Rick Blaine (Humphrey Bogart), a sueca Ilsa Lund (Ingrid Bergman) e seu marido, procurado pela Gestapo e fugitivo de um campo de concentração, Victor Laszlo (Paul Henreid). Ademais, constitui-se um libelo anti-nazista, uma história falando de Segunda Guerra enquanto ela ainda ocorria, capaz de apresentar momentos lindos e memoráveis como o duelo entre hinos que ocorre no restaurante/café/bar de Ricky: os nazistas tomam o piano de Sam para cantar uma canção exaltando o III Reich e Laszlo imediatamente encoraja a banda a entoar a Marselhesa, a permissão de Ricy para tal afronta aos soldados nazistas dá início à batalha musical que culmina com todo o bar cantando o hino francês e gritando Vive la France! Essa é, para mim, a melhor cena do filme, apesar do final magnífico.

O ambiente do bar é uma representação da França ocupada, onde franceses e nazistas se toleram por interesses, mas a tensão e o ódio são latentes. O forasteiro americano (Ricky) que nutre a imagem de neutralidade demonstra uma antipatia pelos nazistas (sentimento que é recíproco).

Dirigido pelo húngaro Michael Curtiz, feito para ser um filme comum, mais um romance entre tantos outros. No entanto, o filme move-se rapidamente através de um enredo surpreendentemente bem construído. O roteiro, baseado na peça teatral de Murray Burnett e Joan Alison, foi escrito às pressas, enquanto as filmagens ocorriam, e ninguém sabia como seria a cena final – quem, afinal, usaria os dois vistos de saída? Ilsa iria com Ricky, seu amante em Paris, ou com seu marido Victor, líder do movimento de resistência? O romance entre Ricky e Ilsa é revelado aos poucos, assim como a relação entre ela e Victor. A evolução dos acontecimentos é perfeita, os mistérios e revelações do triângulo amoroso são encaixados perfeitamente e deixam o espectador envolvido do início ao fim da trama. Bem, a essa altura o final não é mais novidade.

Uma belí­ssima obra cinematográfica, um divisor de águas nas carreiras de Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, vencedor das categorias de melhor filme, melhor diretor e melhor roteiro no Oscar de 1943, um filme, sem sombra de dúvidas, espetácular.

Anarca, feminista, vegana, cat lady, bookworm, roller derby, hiperbólica, entusiasta das plantas e constante aprendiz. Rainha de paus, professora de história, amante de histórias. Meu peito é de sal de fruta fervendo num copo d'água. ♀️✊Ⓥ

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9 de março de 2011 4:22 pm

[…] 33. Ver 10 filmes clássicos que nunca vi [1/10] 1. Casablanca (1942) […]

wakko
9 de março de 2011 4:33 pm

Taí um filme que eu ainda não assisti por pura preguiça – mas sua resenha me fez ficar com vontade de assistir!

cavalca
9 de março de 2011 8:19 pm

Divide com Poderoso Chefão o posto de filme com mais quotes memoráveis de todos os tempos.
Tem umas geniais, que sequer são citadas nessas compilações de melhores citações de todos os tempos, tipo a do Capitão francês “Eu sou um mero policial corrupto”.
E BOGART IS DA MAN.

Mahzinha
10 de março de 2011 12:49 am

Dani! Eu sou uma pessoa que nunca viu esses clássicos, e coloquei como meta assistir. Vou dar uma olhada nesta lista que tu linkou e ando olhando algumas outras, se quiser indicar filmes vou adorar!
Muito boa sua resenha, me fez querer assistir… Logo te conto o que achei!
Beijocas

Marianna
10 de março de 2011 9:41 pm

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