Assistindo

Doctor Who 06×11: The God Complex

Dirigido por: Nick Hurran
Escrito por: Toby Whithouse

Eu certamente me surpreendi com os rumos que esse episódio tomou. Eu estava esperando um episódio estilo monstro da semana – que eu adoro – que não tivesse uma ligação maior com a mitologia da série. Doce engano. Que ingenuidade da minha parte, depois de ter visto tudo o que Moffat é capaz eu ainda acho que ele pode dar ponto sem nó. Claro que não foi ele que escreveu o episódio, mas ele é o showrunner pô, e ele sabe como conduzir uma série. The God Complex foi mais do que um episódio autônomo. Foi muito mais profundo e impactante.

Se The Girl Who Waited foi sobre o relacionamento entre Amy e rory e entre Rory e o Doutor, The God Complex foi sobre o relacionamento do Doutor com Amy, com seus companheiros em geral e com ele mesmo. Esse episódio não foi sobre uma aventura do Time Lord, foi sobre a mad man in a box. Uma reflexão profunda sobre quem é esse homem com dois corações, um estudo de personagem tão marcante e bem feito quanto o estudo realizado em The Girl Who Waited.

O episódio começa como quase todos os outros: a TARDIS chegando em algum lugar e seus tripulantes desembarcando. O lugar desa vez é um hotel da Terra dos anos 1980. Na verdade, uma réplica muito bem feita de um hotel terráqueo de 1980. Claro que esse não era o destino previsto. E antes dos créditos aparece uma jovem policial perambulando pelos corredores desse hotel de mentirinha. Mas em cada quarto tem algo assustador e ela finalmente chega em um quarto que contém a coisa que ela mais tem medo (ou tinha quando era criança). Nesse momento ela começa a cantar “Louvai-o,” e uma criatura grande de chifres aparece para buscá-la. O espectador não consegue ver muito bem a criatura, mas vê bem a reação da garota.

À primeira vista o hotel parece mal assombrado, cada quarto com um monstro diferente, mas o monstro da semana é aquele de chifres mesmo. Mas nada é o que parece, principalmente em se tratando de Doctor Who. Amy, Rory e o Doutor encontram um grupo de pessoas perambulando por essa réplica, três terráqueos e um alienígena que veio de um planeta constantemente conquistado, e acaba descobrindo que todos eles acordaram no tal hotel sem uma lembrança sequer de como chegaram lá. Com o desenrolar do episódio descobrimos que cada quarto contém um medo e fatalmente cada um lá dentro encontrará o objeto do seu medo em um dos quartos. E quando isso acontecer eles começarão a adorar a criatura de chifres e ela virá para se alimentar do medo sentimento.

Bacana, não é mesmo. Ali tem um quarto também para o nosso querido Doutor e isso começa a deixá-lo irrequieto, mas do que de costume. Nós vemos o seu maior medo, mas quando ele abre a porta de número 11 e diz Claro. Quem mais?” ouvimos um barulinho similar ao da TARDIS. Apenas é possível especular. A Tardis é sua única companheira fiel, que ele teme perder e jamais abandonaria. Mas isso é apenas especulação.

Muita investigação e muita fuga acontecem antes de o Time Lord descobrir que aquele lugar é uma prisão e as pessoas são capturadas aleatoriamente para alimentar o prisioneiro com seus medos. A tal criatura é muito parecida com um monstro da série clássica, o Nimon (ambos são uma espécie de minotauro que drenam algum tipo de energia de suas vítimas).  A tal criatura é prisioneira e não pode ser tachada de vilã com todas as características que a palavra carrega (ou como aprendi recentemente, a palavra não carrega um léxico completo). O que parece ser uma constante desde “Let’s Kill Hitler“.

O episódio tem um enredo muito interessante, figuras incríveis e até a promessa de uma nova companheira para o Doutor, Rita. No entanto as várias indiretas sobre isso levam o espectador a descartar essa hipótese e até mesmo prever a morte da pobre da moça. Porém, como mencionei anteriormente, esse episódio é sobre o Doutor, ou seja, descobrir toda a trama e como se safar dela foi apenas um pretexto para mostrar como ele se sente em relação a ele mesmo. Ele percebe, finalmente, antes que seja tarde demais, que faz seus companheiros acreditam nele incondicionalmente e isso que pode levá-los à morte, o que já aconteceu algumas vezes. é de cortar o coração o momento que ele diz para Amy que ela tem que perder a fé nele, que ele não é um herói, apenas a mad man in a box. Ele sabe que coloca as pessoas em perigo. Não importa quão bom suas intenções, ele tem consciência de que usa a promessa de aventura para levar as pessoas a bordo com ele. E  Matt Smith é talvez o melhor dos doutores quando demonstra esse sentimento.

E o final do episódio foi totalmente inesperado. Ele deixa Amy e Rory em casa para poupá-los de mais sofrimento. O Doutor esqueceu de que apesar de pôr a vida de seus companheiros em risco, ele também é um grande presente e transforma a vida das pessoas e elas passam a amá-lo. O medo desse amor incondicional é bastante racional, mas o fez esquecer que a amizade é sempre assim, não importa o quanto teremos que nos sacrificar, por um amigo sempre vale a pena. E esse final foi muito bem colocado, fechou o episódio de uma maneira incrível. Claro que eu não quero ver Amy e Rory de fora das próximas aventuras do Doutor e claro que eles voltam, mas foi realmente emocionante e muito, muito triste.

Anarca, feminista, vegana, cat lady, bookworm, roller derby, hiperbólica, entusiasta das plantas e constante aprendiz. Rainha de paus, professora de história, amante de histórias. Meu peito é de sal de fruta fervendo num copo d'água. ♀️✊Ⓥ

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22 de dezembro de 2011 12:01 pm

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27 de setembro de 2020 8:12 pm

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