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De onde surgiu o Romance Policial?

A Olivia Maia escreveu que o Romance Policial que conhecemos hoje é originário da literatura Gótica do século XIX. Na época, as histórias falavam sobre cientistas, sobre o misterioso mundo dos mortos e sobre aberrações. Com a revolução industrial e o impacto que ela causou na vida em sociedade, novos tipos de literatura surgiram. O medo dessa nova sociedade era propício para tais manifestações de horror.

Esses romances faziam parte de uma fala ritualizada que ao poucos produzia aquilo que Foucault identificara como uma modificação das tediosas narrativas sobre o crime para a construção de uma estratégia que produzia o “crime dourado”. Quando Edgar Allan Poe escreve Assassinatos na Rua Morgue, ele inaugura o estilo. E inaugura também boa parte do procedimento que os detetives do romance policial passarão a adotar.

Escritores como Conan Doyle e Agatha Christie surgiram a partir das histórias de Poe. E partilham características comuns do romance policial clássico. Um detetive que conduz a investigação como uma espécie de exercício cerebral. O crime é tratado como uma aberração, são os crimes emblemáticos. Motivações individuais e culpa individual. O criminoso é um problema que pode ser eliminado. O final da história é sempre a descoberta e a punição. A Olivia diz que “o detetive e a lógica controlam completamente o problema e o crime é reduzido a um quebra-cabeça”. Mas com a virada do século, a sociedade muda mais uma vez. São outros anseios.

A década de 1920, nos Estados Unidos, faz surgir uma nova literatura policial, o hard-boiled novel. O primeiro romance do gênero é O Falcão Maltês de Dashiell Hammett. E essa nova fase do romance policial “reflete, de certa forma, os preconceitos da época: a cidade decadente era tomada por imigrantes, socialistas e homossexuais”. As características se invertem, agora o detetive é um tipo cínico e frustrado. Ele conhece e faz parte do submundo. O crime não é mais isolado da sociedade, uma aberração social, apesar de ainda ser emblemático. Ele agora é reflexo de uma sociedade que é por si só uma aberração.

Anarca, feminista, vegana, cat lady, bookworm, roller derby, hiperbólica, entusiasta das plantas e constante aprendiz. Rainha de paus, professora de história, amante de histórias. Meu peito é de sal de fruta fervendo num copo d'água. ♀️✊Ⓥ

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Lucas
Lucas
20 de agosto de 2008 11:41 am

Esse hard-boiled novel é o tão falado Noir? Pois o filme O Falcão Maltês se enquadra nisso, eu acho…

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25 de setembro de 2008 4:57 pm

[…] de escrever um pouco sobre o surgimento do Romance Policial, é hora de falar da forma que a narrativa assume. A narrativa policialesca diz respeito a uma […]

trackback
23 de setembro de 2020 12:39 pm

[…] de escrever um pouco sobre o surgimento do Romance Policial, é hora de falar da forma que a narrativa assume. A narrativa policialesca diz respeito a uma […]

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