Lendo,  Vida de Professora

História, literatura e crime.

É sabido que a História hoje assume um papel diferente daquele que Aristóteles anunciava em sua Poética. Em nosso tempo existe um diálogo entre os diversos campos do saber. Chamamos esse diálogo de interdisciplinaridade. História e Literatura compartilham de longa data a narrativa e o contar, escrever e descrever, interpretar, reinterpretar, construir, reconstruir por meio da escrita. Determinados eventos “reais” ou “imaginários” são relatados como garantia de se perpetrarem através do tempo. Em especial, é claro aqueles considerados dignos de memória. As narrativas estão ligadas a uma dupla capacidade: cristalizar e ao mesmo tempo dar vida a determinadas idéias e sentimentos a serem compartilhados¹.

Ambas as disciplinas são formas de contar o “real”. E o fazem através de signos constituídos por palavras e imagens. As formas da narrativa literária já foram utilizadas pela História, mas é claro que ambas possuem métodos distintos, e seus objetivos são diferentes. Literatura não é História, e vice-versa. No entanto, o Historiador pode, em sua busca de conhecimento sobre o mundo do passado, resgatar certas sensibilidades e a maneira como o homem representava realidade e a si mesmo recorrendo ao texto literário. Nele está contido sentimentos, emoções, jeitos de falar e pensar o mundo, códigos de conduta, ações sociais e sensibilidades de outro tempo. Do tempo em que determinada narrativa fora escrita.

Um estilo de Literatura específico, o Romance Policial é “um objeto privilegiado para investigar as relações da literatura e da cultura com a vida urbana e com os tempos contemporâneos. Nessa modalidade de narrativa, talvez como em nenhum outro conjunto específico de formas literárias, a subjetividade problemática do homem e a feição fragmentária da urbe se encontram, se alimentam e se completam“.

Traços destes romances são frutos de determinadas maneiras de ver o crime, o criminoso e a polícia em seu tempo. Influenciados pelo cientificismo do século XIX e a cristalização do gênero no século XX, fez destes romances a expressão dos anseios e medos de uma época.

1. NAXARA, Maria Regina Capelari. Historiadores e textos literários: alguns apontamentos. In: História: Questões & Debates, Curitiba, n. 44, p. 37-48, 2006. Editora UFPR.

Anarca, feminista, vegana, cat lady, bookworm, roller derby, hiperbólica, entusiasta das plantas e constante aprendiz. Rainha de paus, professora de história, amante de histórias. Meu peito é de sal de fruta fervendo num copo d'água. ♀️✊Ⓥ

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Ju Soska
19 de agosto de 2008 11:57 am

penso que a minha profissão pode servir de fonte histórica
penso que uma mono sobre isso seria bem afú

Ju Soska
19 de agosto de 2008 11:58 am

ah, penso tbm que tu não vai concordar com isso!
hehehe

Camila
Camila
19 de agosto de 2008 4:01 pm

Adiciona meu blog aí Dani!! hehehe
consolesonoro.blogspot.com

Lá tem links pra baixar músicas, se tu curte “versões” diferentes das musiquinhas de videogame… hehehe

bjao

Lucas
Lucas
20 de agosto de 2008 11:39 am

Poe é ídolo, sempre.

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