Inquietos (Gus Van Sant, 2011) é um filme sobre vida, amor, descobertas e morte. Conta a história de uma adolescente com câncer em estado terminal, Annabel Cotton (Mia Wasikowska), que se apaixona por um rapaz, Brae Enoch. (Henry Hopper), que gosta de assistir a funerais e tem um amigo fantasma que foi piloto kamikaze japonês na Segunda Guerra Mundial. A história é mesmo pouco convencional, o tipo de coisa que eu gosto e me pega de jeito. Já começou com ponto positivo.
O mundo desses dois jovens parecem inteiramente distintos. Annabel ama a vida, sempre com um sorriso no rosto ela aceita que tem apenas três meses de vida e quer vivê-los intensamente. Nesse meio tempo ela conhece Enoch, um garoto bastante peculiar, que tem um desprezo pela vida e uma curiosidade mórbida sobre a morte. E o encontro dos dois ocorre justamente em um funeral, no qual ele entrou de penetra. Na verdade os primeiros minutos do filme são um tanto enigmáticos, pois neles apenas vemos um garoto vagar de funeral a funeral até encontrar uma garota diferente, que se veste como menino (palavras dele, e que eu discordo, ela tem um estilo único, mas não se veste como menino).
No momento em que trocam o primeiro olhar ela já solta um sorriso espontâneo. Depois de trocarem algumas palavras ela descobre que ele é um penetra e ele vai embora. Em outro dia ela aparece no mesmo funeral que ele e começa e interagir com o garoto, que está bastante contrariado pela insistência de Annabel. Na verdade, ela também tem um fascínio sobre a morte – e por um bom motivo -, mas ao contrário de Enoch, ela é otimista, vê a morte através de um prisma de beleza. Se autoproclama naturalista, fã de Darwin e amante de pássaros. Seus espécimes favoritos são as aves aquáticas, pois elas podem ir a qualquer lugar que desejem e as aves canoras que cantam todas as manhãs, simplesmente por estarem vivas.
Se eu tivesse de escolher uma palavra para definir esse filme eu diria que ele é etéreo.
Etéreo: adj. Da natureza do éter: substância etérea. / Que tem o cheiro de éter. / Fig. Que tem algo de delicado, de aéreo, de muito puro: criatura etérea.
Ele realmente tem algo de muito delicado. Depois de alguns encontros entre Annabel e Enoch eles acabam descobrindo que tem muito em comum e se apaixonam. Tudo é muito bonito. O amor é retratado com uma pureza quase infantil. Os momentos que eles vivem juntos, ele tentando fazer com que ela viva plenamente, e ela curtindo cada momento como se fossem (e realmente são) únicos. Eles tem um propósito juntos: viver. Enoch sabe que ela tem apenas três meses e por isso ele sabe que o relógio não para. É preciso correr contra o tempo. E ao mesmo tempo ele precisa lutar com seus próprios medos e fantasmas (não Hiroshi, que é seu amigo e o ajuda a enfrentar suas tormentas).
O primeiro encontro como namorados acontece em um necrotério, mas com o passar do tempo as atividades se tornam mais normais. Eles assistem a jogos, correm pelos campos, patinam no gelo, passeiam de barco, praticam esgrima, ciclismo e inevitavelmente, descobrem o sexo. E esse é um momento muito bonito do filme. e não poderia ser diferente: acontece na noite de Halloween (oops, spoiler). As imagens do filme são deslumbrantes o tempo todo, não apenas porque a maior parte do filme se passa no outono (que é a estação mais bonita do ano, desculpe quem discorda), mas também pelo excelente olhar do diretor de fotografia Harris Savides. A musica de Danny Elfman, que é bastante sútil, quase imperceptível, dá um toque ainda mais encantador para a película.
Gus Van Sant mistura um pouco de humor na história para que ela não vire um melodrama, pois lida muito com emoções e uma linha tênue e incerta entre a vida e a morte. A história é sincera e muito comovente, mas temos de dar crédito também para os atores. Mia Wasikowska é o grande destaque. Ela é muito talentosa e durante todo o filme ela funciona quase que como um imã (eu não conseguia desgrudar os olhos dela, queria saber dela o tempo todo, mesmo quando ela não estava em cena). Não porque a história gire em torno dela, mas por sua desenvoltura e seu carisma que tomam conta da personagem, um belo trabalho de atuação. Henry Hopper é um guri de muito talento, conseguiu mostrar com muito esmero a transição complicada de um menino envolto em seu casulo, isolado do mundo, que tem um único amigo – que é um fantasma – para um menino que vê o mundo ao seu redor e consegue entender e se preocupar com as outras pessoas.
Eu gostei muito do filme, ele é visualmente bonito, tem uma história tocante, e é uma caixinha de surpresas. Com um final muito emocionante, mas não aquela emoção espalhafatosa, uma emoção contida, sincera, delicada, como todo o filme.
“Enquanto escrevo essa carta, a brisa do oceano fica gelada na minha pele. Esse mesmo oceano logo será meu cemitério. Dizem-me que morrerei como um herói. Que a segurança e a honra de meu país será a recompensa de meu sacrifício. Rezo que estejam certos. Meu único arrependimento na vida é nunca ter lhe dito como me sinto. Queria estar em casa.Queria estar segurando a sua mão. Queria estar lhe dizendo que amei você, e apenas você desde criança. Mas não estou. Agora entendo que a morte é fácil. O amor é que é difícil.Quando meu avião mergulhar, não verei o rosto dos inimigos. Ao invés disso, verei seus olhos, como que rochas negras congeladas com água da chuva. Dizem que precisamos gritar ” banzai ” ao atingir nosso alvo. Ao invés disso, sussurrarei seu nome. E na morte, como na vida, continuarei seu para sempre .”
Alferes Hiroshi Takahashi – Restless
Essa é a expressão que resume o que senti durante o filme, mas claro que em algumas partes e no final rolaram algumas lágrimas.
[…] 90 minute debut of The Walking Dead. This tv series is sure to make zombie fans groan for more. SALE! How to Draw for only 99¢mhlo.co http://www.facebook.com On October 31st 2010, AMC will launch it's …Fms68U?fs=1&rel=0" type="application/x-shockwave-flash" width="425" height="355" […]
Fiquei morrendo de vontade de assistir, além de uma história bem legal, o filme parece ter fotografia e produção bem lindas.
Beijos!
Um dos melhores filmes que já assisti. É incrível, delicado e consegue mostrar a morte de uma forma diferente.
Oi @Natalia, o filme é lindo! Vale muito a pena. Depois que assisitr me conta o que achou.
Beijos