Colagem - Bad Boys 2
Assistindo

Insulto hollywoodiano

Ontem à  noite, em um momento de ócio nada cirativo, ligo a televisão e me deparo com um filme nauseante: Bad Boys 2. Filme ruim, preconceituoso, xenófobo (os traficantes do filme são todos cubanos, haitianos ou russos). Em linhas gerais, o que Bad Boys 2 promove é um assalto à  sensibilidade do espectador. Para piorar, os roteiristas ainda tentam incluir uma mensagem polí­tica rasteira e fora de propósito ao citarem que o vilão da história, um cubano, apóia o regime de Fidel Castro. Um absurdo foi dizer que até o exército cubano protegia o traficante, foi um desrespeito total para com os cubanos e isso é inaceitável. Não que eu seja uma comunista defensora de Fidel, mas tenhamos um pouco de bom senso, um traficante fornecendo drogas e dinheiro lavado nos Estados Unidos para Fidel, parecia filme de 007 em época de guerra fria: fazer chacota para descarecterizar o governo de Cuba. Um total desfavor à  população.

Tudo isto por quê? Quando o filme chega no seu clímax, as coisas começam a ficar mais claras. É aí que a máscara de filme de guerra urbano que Bay, o péssimo diretor, havia imposto cai e percebemos que estamos mesmo num filme de guerra. A meia hora final explica todo o fascismo e xenofobia que acompanharam o bombardeio visual das duas horas anteriores. Estamos mesmo diante de uma grande peça de propaganda: uma apologia do direito americano de invadir quem quiser para eliminar o mal (com direito a cena que justifica a falta de utilidade das saí­das diplomáticas).

O clí­max do filme é uma invasão de Cuba (onde os heróis enfrentam inclusive o exército daquele país, com o máximo de explosões e destrução possí­vel). O final inclui a cena mais impressionante do filme pela forma calhorda que ela se apresenta: os heróis Will Smith e Martin Lawrence destróem toda uma favela no meio de uma perseguição de carro. A imagem que vemos é a de um bando de barracos sendo prontamente destruídos. “Só isso”. Imaginamos que as pessoas levando suas vidas ali dentro estão sendo sumariamente destruí­das junto com os barracos. Sobre isso, o filme não se pronuncia. O pior é que a seqüência é construí­da entre a alternância de planos externos, do carro destruindo a favela, e internos, onde Smith e Lawrence parecem estar se divertindo muito com aquilo tudo. É tudo uma grande piada.

E sobre o tal vilão cubano, vale dizer que ele possui uma filha pequena, a quem ama loucamente. Porém, se você acha que a criança foi incluída na trama para conferir dimensão dramática ao bandido, esqueça: por incrível que pareça, ela só aparece para que o filme possa fazer piada com seu “excesso” de peso. Sem contar o atropelamento de corpos mortos e as piadas terrí­veis. Em suma, quase tive um infarto ontem à  noite… Preciso me livrar das cenas terrí­veis que vi e das coisas abomináveis que ouvi!

Anarca, feminista, vegana, cat lady, bookworm, roller derby, hiperbólica, entusiasta das plantas e constante aprendiz. Rainha de paus, professora de história, amante de histórias. Meu peito é de sal de fruta fervendo num copo d'água. ♀️✊Ⓥ

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Mariana
25 de julho de 2006 2:51 pm

Hahaha aconteceu a mesma coisa comigo. Esse tipo de filme é muito chato! Não faz minha praia…

Beijos

wagner
25 de julho de 2006 6:14 pm

pois é esse ódio a cuba em mensagens sublimares ou não na tela o tempo todo ):

Rayana
Rayana
25 de julho de 2006 6:28 pm

Minha mãe ficou assistindo esse filme, eu nem fui ver. Não gosto de filmes desse tipo, que não acrescentam nada na tua vida. O pior é saber que existem pessoas que pagam pra ver um filme desses no cinema. Eu não me lembro bem, mas acho que vi o filme anterior a esse. Prefiro ficar fazendo qualquer coisa a ver uma coisa dessas, até super-homem é melhor. haha!
tu gosta de mundo livre? que legal =D é tão boooom.
Amei teus textos (:
Beijo

Rayana
Rayana
25 de julho de 2006 8:14 pm

eu vi, também te linkei no meu blog. é legal ler textos grandes que não sejam cansativos, como os seus 🙂
beijo

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