Louca dos gatos

Update felino

Demorei muito tempo para escrever esse texto porque eu precisava de um estímulo. Dói muito escrever sobre o o assunto por conta de acontecimentos recentes, mas nessa semana algo maravilhoso aconteceu e eu simplesmente encontrei o estímulo que precisava. Então segue um pequeno update sobre como andam meus filhos aqui em casa.

Have you met Smeagol?

No dia 26 de março de 2013 encontrei um gatinho na rua, no caminho entre uma escola e outra em que lecionava aqui na minha cidade. Cheguei perto e fiquei assustada com o que vi. Os olhos dele estavam muito inchados e com muita secreção. Peguei ele e levei para a escola, liguei para o veterinário que cuida dos meus gatos e pedi para que viesse buscá-lo. Depois de sair do trabalho fui buscá-lo e descobri que ele tinha uma doença viral e que ele não poderia conviver com os outros gatos. Resolvi cuidar dele isolado na minha área de serviço. Mas não poderia ficar com mais um gatinho, infelizmente. Quatro no apartamento já era complicado (por mim eu ficaria, mas não faria bem para nenhum dos cinco). Pensei em colocá-lo para adoção depois que ele ficasse bem.

Gato antes, doente e quase morto; gato depois, lindo, limpo e gordinho
Antes e depois do tratamento veterinário e do carinho e cuidado que dedicamos ao Smeagol

O detalhe é que a probabilidade de ele perder a visão e inclusive as córneas era bem grande. Comecei o tratamento com dois colírios combinados e antibióticos (todos receitados pelo veterinário). Um mês depois acabei o levando a outro veterinário, especialista em oftalmologia felina que o liberou para conviver com meus outros gatos e trocou a medicação, porque foi identificado um glaucoma que precisará de cuidados para toda a vida. Depois disso ele teve duas emergências, nas quais precisei sair as pressas com ele para uma unidade de atendimento veterinário 24 horas porque uma membrana de um dos olhos dele rompeu e precisava conter o sangramento, fazer curativos e aplicar medicação adequada. Infelizmente, na terceira vez que isso aconteceu a córnea não aguentou e foi preciso removê-la. E depois de mais alguns meses de tratamento ele ficou melhor.

É claro que nesses primeiros meses de convivência todos aqui em casa se apegaram ao filhote e ele não poderia mais ter outro destino a não ser como o filho mais novo da família. Ganhou um nome: Smeagol, uma forma leve e engraçada de lembrar que mesmo chegando aqui em casa do jeito que ele chegou, ele lutou e conseguiu se recuperar e se tornar uma das coisas mais importantes da minha vida. Ele possui apenas um dos olhos, que também foi bastante prejudicado (ele é cego ou quase cego desse olho), mas apesar disso está muito saudável, lindo e sapeca.

Goodbye, My Dearest Love

Tudo estava perfeito com meu filhos até ano passado, quando em junho a Starbuck apareceu com um machucado na orelha (provavelmente originado por uma brincadeira que se tornou um pouco mais violenta entre ela e o Smeagol que sempre a provocava). Esse machucado só aumentou devido as muitas coçadas que ela dava. Levei-a ao veterinário e houve a suspeita de um carcinoma que depois foi descartada. Acontece que durante o tratamento ela ficou ainda mais doente, dessa vez um problema no fígado que demoramos para diagnosticar e ela parou de comer. Durante um mês inteiro ela não ingeria nada e quando eu conseguia fazer ela comer alguma papinha, a pobrezinha vomitava tudo.

Depois de pesquisar milhões de possibilidades para como cuidar dela, descobri que ela poderia ser alimentada por sonda e sugeri isso ao veterinário. Ele não sugeriu isso antes por não possuir o equipamento em sua clínica, mas acabou indicando uma outra clínica que possuía. Mas foi tarde demais. No dia em que a levei para internar nessa clínica, ela não aguentou e acabou falecendo. Sinto como se tivesse perdido um pedaço de mim. Já faz muita falta meu amor. Minha Starbuck querida faleceu 17:50 do dia 30 de outubro de 2014. Deixou um vazio muito grande, manos muito tristes. Não sei se fiz tudo o possível, mas fiz tudo o que estava dentro das minhas possibilidades e conhecimento. Estou chorando desde antes de isso acontecer, porque os tratamentos não adiantaram e ela já estava muito mal mesmo. Mas nada se compara com esse choro doído da perda. Antes o choro tinha uma pontinha de esperança, agora é só tristeza. Te amo Starbuck, me perdoa e espero que o teu tempo de vida, embora tenha sido curto, tenha sido feliz. Pois tenho certeza que nunca faltou amor, carinho e um tratamento especial de mãe. Saudade pra sempre. Nunca vou te esquecer. Te amo. Te amo. Te amo.

Ainda é bastante dolorido falar sobre isso. Volta e meia me pego pensando nela e aquele nó na garganta aperta e o choro vem. A saudade é grande. Sinto a falta dela todos os dias.

Em breve a segunda parte desse update felino, dessa vez apenas com boas notícias.

Anarca, feminista, vegana, cat lady, bookworm, roller derby, hiperbólica, entusiasta das plantas e constante aprendiz. Rainha de paus, professora de história, amante de histórias. Meu peito é de sal de fruta fervendo num copo d'água. ♀️✊Ⓥ

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13 de setembro de 2020 11:43 am

[…] primeira parte dessa história eu falei sobre como a família aqui de casa aumentou e depois de como perdemos um membro muito […]

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22 de setembro de 2020 4:03 pm

[…] com a minha mãe. Chorei. Chorei. Chorei. Mas não foi tão difícil como quando a Fubá, a Starbuck ou a Mérida se foram. Será que estou perdendo a sensibilidade? Não pode ser, porque eu estou […]

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