A Grande Rainha, segundo livro da série As Brumas de Avalon de Marion Zimmer Bradley, continua a saga das mulheres da corte da Bretanha, já então do Rei Artur. Ao contrário do primeiro livro, neste temos a presença contínua da cristã Gwenhwyfar (Guinevere), a Rainha, como o próprio título já indica. As outras personagens, com exceção de Morgana aparecem muito pouco e são mencionadas poucas vezes também. A Senhora do Lago, Viviane, é praticamente deixada de lado e Igraine possui um capítulo dedicado à ela.
Infelizmente, até mesmo Morgana é deixada um pouco de lado na trama. Com isto, quero dizer que ela até aparece bastante, mas seu papel é secundário, pois a narrativa está mais preocupada em narrar o desenvolvimento de Gwenhwyfar de frágil e amedrontada menina que foi desposada contra sua vontade, à Rainha de fato, que impõem sua vontade ao marido e exige inclusive que ele quebre seu juramento para com Avalon. Além disso, ela precisa lutar contra a tentação que Lancelot representa, sendo ele o amor que ela tanto deseja e não pode tê-lo, afinal ela é casada, e como boa cristã não pode entregar-se a outro homem, pois além de traição seria também pecado.
Em meio aos acontecimentos envolvendo o futuro do reino, há um reencontro entre Morgana e Lancelot, bruscamente interrompido. Acompanhamos, mesmo que em segundo plano, a trajetória de Morgana depois dos acontecimentos do final do primeiro livro. Temos a belíssima e intensa descrição do parto, onde Morgana da a luz ao filho indesejado. Segue-se a isso a ida de Morgana para a corte do Rei Artur, seu irmão, e sua permanência por lá como dama de Gwenhwyfar. Depois de alguns anos toma a decisão de voltar para Avalon. O capítulo que narra o encontro de Morgana com o País das Fadas e os dias que por lá passou é muito bonito. Marion descreveu com uma veracidade bastante interessante, além de utilizar o jogo de palavras para fazer o leitor sentir como se também estivesse por lá e passasse pela mesma confusão temporal pela qual a personagem passou.
A leitura desse segundo volume foi muito mais rápida e fluida que em A Senhora da Magia. Estive mais disponível nessa semana para realizar a leitura e ele desenvolve-se mais rapidamente do que o anterior. Os saltos temporais são maiores aqui. Enquanto no primeiro livro tínhamos quase que o dia a dia das personagens durante um espaço de tempo relativamente longo, no segundo volume o espaço de tempo é menor, porém os saltos temporais ocorrem com maior frequência e cobrem um tempo maior. Com isso, mais acontecimentos são narrados.
O foco em um número menor de personagens também ajudou na fluidez da leitura e paralelamente colaborou para que o leitor crie mais laços com os personagens. No meu caso, os laços de simpatia que desenvolvi ao longo do primeiro livro se fortaleceram ao passo que em relação a personagem a qual o livro é dedicado foi ambígua. Por diversos momentos simpatizei com o sofrimento de Gwenhwyfar, em outros me compadeci com sua dor. No entanto, na maior parte do tempo sentia um profundo pesar por ver uma mulher proferir palavras tão terríveis contra o próprio sexo menosprezando a existência feminina e aprovando a condição feminina imposta pela Igreja Católica. Muito embora tenha momentos de lucidez e questione sua posição – imposta por homens (seu pai, seu marido, Lancelot, o Bispo). E talvez fosse esse o motivo da personagem: criar um espaço para reflexão acerca da mulher e do feminino, seja no medievo ou nos dias atuais.
O desenvolvimento narrativo é bastante coerente, e culmina com um final bastante inesperado e um gancho incrível para o terceiro volume da série. O leitor que se apaixona por essa história não poderá deixar de ler imediatamente a seguir a continuidade, pois além de um final inusitado e interessante, a própria narrativa foi desenvolvida para que o final do livro não pudesse interromper a continuidade dos acontecimentos, ou seja, a promessa de que coisas ainda mais importantes para o desenvolvimento da trama estão por acontecer.
As Brumas De Avalon Livro 2 – A Grande Rainha
Marion Zimmer Bradley
232 páginas
Editora Imago
Nota: 4/5
Esse texto faz parte do projeto de blogagem coletiva Desafio Literário 2011, proposto pelo blog Romance Gracinha. A resenha corresponde ao mês de Março, cujo objetivo é ler um texto épico ou de inspiração épica.
Confira no blog do desafio as resenhas dos outros participantes para este mês. Ou descubra quais foram as minhas escolhas.
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Confira as outras leituras feitas para o Desafio Literário 2011:
Janeiro:
Coraline, Neil Gaiman
Memórias da Emília e Peter Pan, de Monteiro Lobato
Fevereiro
Che Guevara – a vida em vermelho, de Jorge G. Castañeda
O que é isso, companheiro?, de Fernando Gabeira
Março
As Brumas De Avalon Livro 1 – A Senhora Da Magia, de Marion Zimmer Bradley
Que bom que conseguiu resenhar a a tempo! Excelente resenha. Deixa eu correr que o tema de abril já que nascer…
@Vivi, pois é, foi em cima do laço. E mais uma vez fiquei sem ler o terceiro livro… Mas eu lerei todos os que faltam assim que der tempo, só não sei se poderei colocar eles como lidos na contagem do Desafio.
Beijos
Nossa, eu me lembro como foi dificil para mim conseguir ler A Grande Rainha. Eu peguei o primeiro livro da serie em uma biblioteca publica e ele tinha toda a serie, menos… (adivinhe)… A Grande Rainha. Fui obrigada a deixar a serie de lado por muito tempo… Até que eu descobri o quanto é mais facil ler pela internet – pelo menos para mim – então eu fui logo atrás desse livro. Assumo que nunca gostei de Gwenhwyfar, pois ela é muito machista e eu sou uma feminista assumida, e não deixo ninguem, nem mesmo pessoas do mesmo sexo que eu, se impor para mim. Eu gosto imensamente do 3º livro, e espero que você também goste. E digo, que minha personagem preferida é a tia de Morgana, que infelizmente, nesse momento me falha o nome.
@PoiisonGiirl, oi. Muito obrigada pelo comentário.
Eu adoro a tia da Morgana, a Viviane, e como dissestes, Gwenhwyfar está totalmente envolvida com as imposições que lhe são feitas. Ela assume o papel que lhe é dado, com certeza.
E eu estou com muita vontade de ler o terceiro livro, mas terei de deixar para junho ou julho, uma pena…
Beijos
@Daniela, Não é a Viviane, é a outra irmã de Igraine, Morgause – acabei de ir pesquisar – eu gosto dela, ganha muita atenção no 4º livro.
Eu realmente acho essa obra fascinante, apesar de não concordar com muita coisa dele! Mas MZB escreve muito bem! Essa é uma das minhas obras favoritas!
@Kézia, muito obrigada pelo comentário. E certamente, é uma obra muito bem escrita e levanta questões polêmicas.
Beijos.
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