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Doctor Who 6×08: Let’s Kill Hitler

Um longo tempo de espera pelo retorno de Doctor Who. E para a segunda metade da sexta temporada um episódio que inicia com “What the hell? Let’s Kill Hitler!” E o próprio nome do episódio sugere a caçada do maior vilão da História da humanidade. É claro que eu me perguntei se esse não seria um ponto fixo no tempo e que não poderia ser mudado, mas deixei o episódio fluir e ver no que ia dar. Acontece que o episódio passou longe de ser um arco isolado e a participação do infame Hitler durou alguns poucos minutos. E que minutos: Rory socou ele bem no queixo e o trancou no armário. Ah meu centurião romano, sempre mostrando seu valor!

Tudo começou com uma história meio maluca de Departamento de Justiça que viaja no tempo atrás de grandes vilões da história por todo o espaço para dar um fim neles. Acontece que esse departamento tem uma nave que assume a forma de corpo humano (no caso do episódio, pois estavam na Terra) e a tripulação é minúscula, controlando tudo lá de dentro. A cabeça é o centro de controle, e a nave pode assumir a forma de qualquer um, miniaturizando a forma original e sugando para dentro de si. E lá dentro tem mini robôs que funcionam como anticorpos dando um fim a todos que não possuem uma pulseira de autorização para permanecerem dentro da nave/corpo. A tal nave estava na Alemanha em 1938 para dar um fim em Hitler.

O episódio começou incrivelmente sensacional com o casal mais fofo do mundo em um mini carro desgovernado por um campo de milho. E o Doutor com o jornal do dia seguinte mostrando o resultado daquela corrida maluca deles: crop circles. E então a entrada triunfante de uma personagem até então desconhecida: Mels. E vamos para os flashbacks. O episódio foi recheado deles. Primeiro para apresentar a amiga de infância de Amy, a moça que acabamos de conhecer. Depois para mostrar como Rory sempre teve uma quedinha por Amy, desde pequerrucho (e que fofos eles eram quando crianças, Amelia Pond é uma graça). De como Mels também ficou obcecada pelo Doutor e pelas histórias que Amelia Pond contava para ela e Rory. De como Mels sempre usava o Doutor como resposta para tudo nas aulas. De como ela se tornou uma encrenqueira e de todas as vezes que Mels se meteu em encrenca e Amy teve de ajudar. E de como Amy achava que Rory era gay e acaba descobrindo, com uma forcinha da amiga, que ele é apaixonado por ela – LINDO!

CUIDADO – SPOILERS

Buenas, depois da entrada triunfante de Mels, ela encurrala o trio e propõe: “I’ve got a gun, you’ve got a time machine, what the hell? Let’s Kill Hitler”. O maior clichê das viagens no tempo, mas Moffat sabe o que faz. E lá vão eles matar Hitler. Mas a viagem até a Alemanha Nazista é apenas o pano de fundo para a continuação de A Good Man Goes to War. Na cena em que a nave metamorfa tenta matar Hitler e ele em “legítima defesa” sai atirando a torto e a direito. Acontece que o genocida acaba acertando um tiro em Mels e eis que ela… regenera. Aí vem uma revelação que nos deixa de queixo caído, não porque é incrivelmente  louca, mas porque estava na cara o tempo todo e o espectador nem se dá conta: Mels = Melody = River Song. A filha de Amy esteve com ela o tempo todo, e mais, ela sabia quem era e nunca abriu a boca, por certo se o fizesse um buraco negro se abriria e sugaria todo o tempo e espaço para dentro, pois Amy só teve uma filha pouco tempo atrás. E a coitada achou que tinha nomeado a pequena em homenagem a amiga. Que nada.

Fato é que Melody tinha sofrido aquela pequena alteração quando estava nas mãos do culto The Silence e estava programada para matar o Doutor. Ela encontrou pela primeira vez o seu alvo e ele já sabia tudo (ou melhor, quase tudo) sobre River Song. O que ela previu no início da temporada estava se concretizando. E foi muito bom ver o Doutor falar Spoilers para River, ele sabendo tanto e ela sabendo nada. Mas ela continua querendo matar o Doutor. Então temos uma sequência incrível de Mels tentando matá-lo e sendo enganada por ele. Ele previa todos os movimentos dela, mas não previu o beijo envenenado usando batom com veneno da árvore de Judas que não tem antídoto. E claro que ela foge depois disso, e ao encontrar com soldados nazis que questionam para onde ela pensa estar indo ela diz:

“Well, I was on my way to this gay Gypsy bar mitzvah for the disabled when I suddenly thought, ‘Gosh, the Third Reich’s a bit rubbish. I think I’ll kill the Fuhrer.’ Who’s with me?”

Melhor citação do episódio, com certeza!

Amy e Rory tentam encontrar a filha no meio da Alemanha Nazista depois que ela envenenou o Doutor (e o metamorfo vai atrás dela também, afinal ela é a maior criminosa do Universo por matar o Time Lord). A transformação de Mels em River Song não se deu só na aparência, ao longo do episódio ela vai percebendo quem é o Doutor que ela acabou de envenenar e como ele pode ser o amor da vida dela. Foi lindo ver ela perguntando para os pais se ele valia a pena para em seguida ceder todo o seu poder de regeneração para ele sobreviver. Moffat fez um trabalho de GÊNIO com Mels/River no episódio, as usual.

E toda a sequência da agonia do Doutor, em que ele e nós revemos as adoradas companions como hologramas, mostra como ele se sente culpado por pensar que arruinou a vida delas. Serviu também para matar a saudade de Rose e Donna (a Martha também apareceu, mas eu nunca gostei dela). Foi bacana o ver querendo fugir da morte – lembrei da transformação do décimo para o décimo primeiro e atual Doutor, muito emocionante. E aguentando até o último segundo para salvar Mels River de ser morta pelo metamorfo (que a essa altura já tinha assumido a forma de Amy e continha o casal adorado lá dentro, trabalhando para se livrar da situação ao mesmo tempo em que tentava ajudar Mels/River e o Doutor.

Um episódio surpreendente. Mais uma vez Moffat fez um trabalho lindo e primoroso com Doctor Who. Deu para chorar, rir, ficar irritado, realmente querer Hitler morto, mesmo sabendo que isso não aconteceria, se surpreender e conhecer mais um pouco da misteriosa River Song, como tudo começou. Ficamos sabendo que o diário em que River anota tudo que já passou com o Doutor foi ele mesmo quem deu. Esse foi o extremo oposto de The Library, lá na quarta temporada. Naquele episódio o Doutor conhecia River e agora River conheceu o Doutor. E o finalzinho foi muito, mas muito bom: Song querendo cursar arqueologia para encontrar um homem bom (o Doutor, claro). O mistério de três anos que é River Song só ganha mais contornos, mas ainda tem muita coisa para revelar sobre essa personagem que chegou como quem não quer nada e já e parte da mitologia de Doctor Who.

Resumo em imagens, via Buzz Pop:

Anarca, feminista, vegana, cat lady, bookworm, roller derby, hiperbólica, entusiasta das plantas e constante aprendiz. Rainha de paus, professora de história, amante de histórias. Meu peito é de sal de fruta fervendo num copo d'água. ♀️✊Ⓥ

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naomi
6 de setembro de 2011 2:37 pm

eu adoro suas reviews de doctor who! e fiquei louca por um diário igual ao da river, com a capa da tardis…

Zé Picelli
15 de janeiro de 2012 6:08 pm

Que texto ótimo! Nao por elogiar o episódio, que é um dos méis preferidos, mas por deixar claro o por que de ele ser tudo isso, nao se limitando a infinitos elogios como se vê por aí.
Esse é, de fato, um dos meus quotes favoritos de toda a serie, se nao for o favorito.
Espero que continue escrevendo sobre cada episódio assim que a sétima temporada estrear!

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