Eu não sou uma pessoa que entende muito de poesia. Mas eu acabo, vez por outra, encontrando alguns poetas e poemas que me marcam de diversas maneiras. Angélica Freitas é um desses casos. Esse ano eu li da autora o incrível “Um útero é do tamanho de um punho“. E foi um punho certeiro na boca do meu estômago. Imagens muito fortes e muito críticas. Então eu recomendo muito conhecer a poesia de Angélica, mesmo se você não é tanto de poesia, como eu. Porque ela vai falar direto contigo, e vai falar alto, contundente.
Uma provinha do que você vai encontrar:
porque uma mulher boa
é uma mulher limpa
e se ela é uma mulher limpa
ela é uma mulher boa
há milhões, milhões de anos
pôs-se sobre duas patas
a mulher era braba e suja
braba e suja e ladrava
porque uma mulher braba
não é uma mulher boa
e uma mulher boa
é uma mulher limpa
há milhões, milhões de anos
pôs-se sobre duas patas
não ladra mais, é mansa
é mansa e boa e limpa
(De Angélica Freitas, “Um útero é do tamanho de um punho”, Ed. Cosac Naify, 2012)