Acabo de ler o primeiro livro da quadrilogia As Brumas de Avalon de Marion Zimmer Bradley comprado no submarino por R$ 29,90, um preço justo para uma edição tão pobrezinha e com uma diagramação from hell.
Eu tinha vontade de ler As Brumas de Avalon desde os meus 15 anos, quando comecei a me interessar por religiões pagãs, celtas e até cheguei a ler alguns livros sobre Wicca (alguém lembra da modinha Wicca do final dos anos 90?). O tempo passou e por diversos motivos adiava a leitura. Agora que comecei a quadrilogia não posso mais parar. Fiquei realmente encantada com a beleza do livro e das personagens.
A leitura não foi muito rápida pois li ao mesmo tempo outras coisas e em alguns momentos – infelizmente – tive de priorizar outros textos ao de Marion. Mas todas as vezes que pegava o livro para ler o fazia com imenso prazer e devorava suas páginas.
A lenda que envolve o Rei Arthur me é muito cara desde a infância. Desde lá eu tenho uma fascinação por histórias da Idade Média. Não o medievo dominado pela Igreja Católica, mas aquele das contradições entre paganismo e cristianismo, aquele das tribos que ainda seguiam as religiões antigas e faziam seus rituais nas florestas pedindo por coisas como fertilidade da terra. E como quase todas as crianças, tinha (e ainda tenho) fascinação pelo mágico: por fadas, gnomos, duendes, magos, bruxas, e todo ser mágico das florestas, mesmo tendo dificuldade para definir cada um deles na época (e ainda hoje confundo um pouco as categorias dos fascinantes espécimes).
Nesse primeiro livro, A Senhora da Magia, temos os primeiros acontecimentos que levaram à coroação de Arthur como Rei. E todos eles apresentados através da narração de Morgana e, portanto, a partir de uma perspectiva feminina, o que me encantou ainda mais. Em um universo machista, imposto pelo cristianismo à grupos humanos antes guiados pela Grande Deusa, as mulheres desempenharam um papel importantíssimo tanto para garantir (ou não) a permanência de Avalon, quanto para unir os povos da Bretanha.
Marion Zimmer Bradley reconstrói a partir de estudos da história e da lenda, da fantasia, uma Bretanha no início da Idade Média e faz muito bem. A verossimilhança é impressionante (verossimilhança porque é impossível para a História reconstruir o passado tal como era) e dá ainda mais vivacidade à narrativa. Não só os acontecimentos são extremamente realistas e baseados na história como a descrição das paisagens e principalmente dos rituais são fascinantes.
Quanto as personagens, as mulheres são o foco da história, mesmo com tantos homens importantes são elas quem guiam os acontecimentos, os nascimentos e casamentos. Viviane, a Senhora do Lago, manipula todos para que o futuro se concretize de maneira que Avalon seja preservada e possa ser desvelada das Brumas a que fora obrigada a permanecer depois da chegada dos padres católicos. Igraine, irmã de Viviane, foi dada em casamento ao Duque da Cornualha. Foi também incitada por sua irmã a casar com Uther Pendragon, escolhido como sucessor do Rei, e reinar ao lado dele e dar a ele um filho, que seria herdeiro do trono.
Porém, ao lado de Viviane, a mais importante mulher desse livro é Morgana. Ela é filha de Igraine (irmã da Senhora do Lago) com o Duque da Cornualha. Por ser a filha mulher era deixada de lado pelo pai e não foi diferente depois do casamento de sua mãe com o novo Rei Uther. E antes que fosse mandada para um convento, Viviane convence Uther a deixá-la ser criada em Avalon. Torna-se uma sacerdotisa da Grande Deusa e possui um papel muito importante na trama.
É interessante que a lembrança que tenha da personagem antes de ler o livro vem de filmes da Sessão da Tarde sobre o triângulo amoroso Lancelot, Guinevere e o Rei Arthur, e nesses filmes ela é retratada de maneira negativa. Ela era a “irmã má”, uma mulher amargurada, feiticeira, que conspirava para a infelicidade de todos. Ou pelo menos eu via a personagem assim, uma chata de galochas. Agora, porém, eu a vejo com grande admiração, ela é a Morgana das Fadas, persistente, com personalidade forte e decidida. Ela passou de figurante inoportuna – uma pedra no caminho da felicidade dos outros – para a categoria de personagem favorita do livro. Existem outros personagens maravilhosos e instigantes, mas essas duas são as melhores na minha opinião.
A série parece ainda mais promissora, o final do livro deixa com gosto de quero mais e não descansarei enquanto não terminar de ler todos os quatro livros da série. Existe um filme baseado nos livros, eu o vi muito tempo atrás e não me recordo muito sobre ele, mas creio que o veja novamente após a leitura dos livros, quem sabe. enquanto isso, fico aqui, me deliciando com essa maravilhosa história que é uma mistura de fantasia e realidade.
As Brumas De Avalon Livro 1 – A Senhora Da Magia
Marion Zimmer Bradley
252 páginas
Editora Imago
Nota: 4/5
Esse texto faz parte do projeto de blogagem coletiva Desafio Literário 2011, proposto pelo blog Romance Gracinha. A resenha corresponde ao mês de Março, cujo objetivo é ler um texto épico ou de inspiração épica.
Confira no blog do desafio as resenhas dos outros participantes para este mês. Ou descubra quais foram as minhas escolhas.
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Confira as outras leituras feitas para o Desafio Literário 2011:
Janeiro:
Coraline, Neil Gaiman
Memórias da Emília e Peter Pan, de Monteiro Lobato
Fevereiro
Che Guevara – a vida em vermelho, de Jorge G. Castañeda
O que é isso, companheiro?, de Fernando Gabeira
E’ … mais uma resenha da Marion … sucesso absoluto no DL! Muito bos sua resenha, da’ para sentir o quanto vc gostou do livro e pelo que tenho lido a leitura e’ agradavel … boa escolha
@Larissa, muito obrigada.
E sim, gostei muito do texto, ele é muito bem escrito e sua leitura é fácil e gostosa.
beijos, volte sempre.
oi dani, eu li brumas a primeira vez em 1994, eu tinha 15 anos e era um RPGista fervoroso. sofri muito com a leitura por causa da desconstrução da imagem tradicional dos contos arthurianos que conhecia até então e do estigma heróico das histórias.
Marion zimmer bradley apresenta uma saga humana, apaixonada e quase sexual das lendas de cavalaria. me transformou na época, me transforma quando recordo e faz pensar: como é bom existam outras versões daquilo que poderia ser sempre igual.
um abraço
@tiago jaime machado, eu concordo plenamente contigo.
A imagem que temos dessas lendas de cavalaria é sempre de uma perspectiva masculina, machista em diversos aspectos. Ler essa história a partir da narração de uma mulher, com personagens femininos tão fortes e marcantes é um prazer imenso.
Beijos
Oi Dani, eu li a série com uns 15-16 anos em uma edição muito melhor que essa que tenho hehehehehe… lembro que demorei para engrenar na leitura mas depois ela fluiu de maneira deliciosa, assim como o Tiago essa leitura levou a uma desconstrução da imagem que tinha das lendas arturianas, e bem adoro desconstruções, quebra de paradigmas então foi uma leitura muito boa, até hoje tenho carinho pela série e pretendo fazer uma releitura em breve. Como sempre adorei teu texto.
estrelinhas coloridas…
@Mi Müller, muito obrigada!
Pois eu queria ter lido com 15-16 anos e deixei passar. Uma pena, porque a história é realmente muito boa e super importante para desconstruir as várias imagens que temos do rei Arthur, mas também para termos um olhar diferenciado sobre um período bastante obscuro e temas tão caros para nossa sociedade.
Beijos
Você pediu meu e-mail em meu blog (post Der Ring des Nibelungen (Die Walkürie) – Richard Wagner), mas não me deu o seu. Enviei a resposta par o e-mail do DL, mas não recebi resposta. Meu e-mail é rapha301992@hotmail.com. Aceito a proposta. Aguardo resposta.
Oi @Elaphar, fiz uma confusão danada ao não te passar meu email. Mas te enviei um agora mesmo, quando finalmente consegui arrumar minha bagunça. Peço desculpas por isso. E eu não tinha visto o seu comentário aqui antes.
Abraços.
Oi, Dani! Essa série está bombando no DL. Um bocado de gente leu. E a aprovação tem sido maciça. Nos anos 80, essa série foi bastante comentada…mas, também não tive oportunidade de lê-la. É sempre bom encontrar entre as opiniões dos leitores, aquelas que dizem: “o livro deixou um gostinho de quero mais”…isso é tudo o que um leitor quer! Ótima resenha!
Beijos
Vivi
PS: Ao final, você menciona que a resenha é referente ao tema biografias…só para avisar…;D
Oi @Vivi, eu tinha vontade de ler a série fazia tempos já, e sabe que até fiquei feliz com essa onda de retomada do livro. Acho que o DL é responsável por isso. Tantas pessoas retomando um livro que marcou as décadas finais no século XX.
E muito obrigada por avisar do equívoco, Com essa história de copiar e colar a apresentação do Desafio todos os meses eu acabei esquecendo de modificar que esse mês é sobre épicos 🙂
Beijos
Oi Daniela!
Desde que assisti a versão do filme “Rei Arthur” com o Clive Owen, fiquei curiosa para ler essa série. Também comprei minha coleção pela Submarino, mas ainda não sei quando vou ler =P
Confesso que a leitura de “Tristão e Isolda” me deu ainda mais vontade de ler logo esses livros, já que o Rei Arthur aparece algumas vezes e as histórias meio que se cruzam, né?
Beijos!
Ei!
Eu já li esta série e ela é realmente mto boa.
Mas confesso no que início de cada livro eu demorava um pouquinho para engrenar =P
DL em peso lendo As Brumas=D
E eu vi este filme que vc falou. Condensar a história de 4 livros em 1 filme só podia dar no que? Mtaassss modificações. Fiquei meio frustrada.
Bjins
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Hola, muchas gracias por la info, estoy investigando sobre estos temas y todo esto me sirve bastante, gracias…
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Eu li e assisti o filme sou fan de histórias de celtas, vikigns e toda mitologia dessa época, o filme achei um pouco fraco
Amei esse artigo
Com certeza, eu lembro da modinha Wicca do final dos anos 90, foi nessa época que me apaixonei pela Wicca HAHAHA
Nunca li, mas pelo texto parece ser uma boa leitura.
Olá,
Não conhecia esse livro e parecer sem muito interessante. Vou comprar e começar a ler, gosto ler livros sobre este tema.
Obrigada.
Essa é uma história incrível parabéns para resenha
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