É muito complicado falar de um livro de Machado de Assis. Falar bem, todo mundo fala. Falar mal é correr o risco de ser apedrejada. Buenas, o livro é bom. Isso é fato. Mas fato é que eu já li muito outros que são muito melhores. Gosto da maneira como Machado brinca com as palavras, construindo imagens bem bacanas.
Sinopse: Este livro conta a história do ingênuo professor Rubião, mineiro de Barbacena, que recebe como herança todos os bens do filósofo Quincas Borba, mais a incumbência de tomar conta de seu cão – também denominado Quincas Borba -, e divulgar a filosofia conhecida como Humanitismo.
Comecei a ler Quincas Borba (romance de banca, daqueles da Coleção ZH, comprado por R$ 2,50 + a zero hora de domingo lá pelos idos de 2001) para o Desafio Literário e tive de parar para ler o Memórias Póstumas de Brás Cubas, porque o narrador do Quincas Borba comentou que o personagem já havia aparecido no Memórias Póstumas. Então que eu larguei um para ler o outro achando ser necessário. Não foi. Exceto por algumas pequenas referências ao livro, Quincas Borba é independente do outro livro. Foram dois natimortos a menos na estante.
A partir daí a história do livro começa. e fica a questão, quem é o Quincas Borba do título do livro? O homem ou o cachorro? Pois a história não narra a trajetória deles, e sim do novo dono de Quincas Borba, Rubião, que vai para a corte e por lá conhece o casal Sofia e Palha. Ao longo da narrativa vemos Rubião ficar perdidamente apaixonado por Sofia, gastar muito dinheiro com presente e empréstimos os quais se recusa a receber o pagamento.
Achei interessante o traço que Machado de Assis usa para desenhar Sofia, a dissimulação, retomando o romance Dom Casmurro. Os perfis femininos do ator parecem estar em busca da ascenção social e são carregadas de dissimulação (assim também é Virgília em Memórias Póstumas de Brás Cubas). Outra característica marcante do livro é a ironia, que ele alia a conteúdo trágico da obra.
Durante a trajetória de Rubião ele acaba enlouquecendo (a loucura é tema recorrente na obra de Machado de Assis) e acredita ser, em seus momentos de delírio, o Imperador Francês Napoleão III. Mas entre o louco que pensa ser Napoleão III e o louco que pensa conversar com ele, eu prefiro o segundo – Qorpo Santo, personagem do romance Cães da Província de Luís Antônio de Assis Brasil.
O livro de Machado de Assis trata, além da loucura, sobre o mercantilismo que permeia as relações pessoais enfatizando a hipocrisia e o interesse da burguesia brasileira no século XIX (traço de toda a obra do autor). No mais, como já afirmei no início deste texto, o livro é bom, mas mesmo assim não me cativou tanto.
Nota: 3
(de 0 a 5, sendo:0 – Péssimo; 1 – Ruim; 2 – Regular; 3 – Bom; 4 – Muito bom; 5 – Excelente)
Esta resenha faz parte do projeto Desafio Literário 2010 proposto pelo blog Romance Gracinha e corresponde ao mês de Janeiro, cujo tema é Romance de Banca.
Confira no blog do desafio as resenhas dos outros participantes para este mês.
Eu nao li este livro de Machado de Assis, mas sendo Machado nao deixa de ser uma boa leitura mesmo que nao cative como esperado. Ate’ fevereiro, beijos
@Larissa, eu achei o livro bom, mas me arrastei demais pra ler, sabe quando não fica com aqiela empolgação na leitura? Pois é, foi isso que aconteceu.
E muito obrigada pela visita. Volte sempre. 🙂
Beijos.
Báh tu não gostou mas me deu a maior vontade de ler, estas relações que tu traçastes com o Cães da Província me deu água na boca, este é um dos meus livros prediletos e tem como tema a loucura que muito me apetece quando se trata de leitura!! Adorei a resenha!!
estrelinhas coloridas…
@Mi Müller, eu gostei do livro, masnão foi aquele gostar de me apaixonar, sabe. O livro tem muitos méritos, mas tbm tem deméritos e isso me encomodou um pouco.
Obrigada. 🙂
beijos.
[…] This post was mentioned on Twitter by Daniela, Dani Soares. Dani Soares said: #trecosetrapos Quincas Borba (Machado de Assis) http://bit.ly/97AI7n […]
Olá Daniela!
Já li o Quincas e o Brás Cubas, e realmente são duas histórias independentes; gostei mais do Brás Cubas.
Sua resenha está excelente, realmente a obra do Machado é carregada de ironia quanto à sociedade da época (da mesma forma que a Jane Austen, que li este mês, mas com um estilo bem diferente). Essa ironia também aparece nos contos, que são muito gostosos de ler!
Apesar de ele ter sido feliz no casamento, muitas personagens femininas dele são dissimuladas e pouco dignas de confiança; que estranho, não?
Grande abraço!
@Cristine, obrgada pelo comentário!
Pois sabe que eu tambem gostei mais de Brás Cubas…
Abraço
Para mim Machado de Assis se figura em um dos melhores escitores brasileiros..
Adorei a escolha do seu livro… Mas tenho que concordar que realmente ele tem livros melhores…
PArabens pela resenha..
Bjux
@Kézia, sabe que eu não entendo muito essa euforia toda em torno do Machado de Assim. Eu, por exemplo, gosto muito mais de uma série de outros escreitores brasileiros. Pra mim, o mlehor é Erico Veríssimo, com certeza.
E obrigada pelo comentário. Volte sempre.
Beijos.
Ótima resenha, adorei!
Nunca li Machado de Assis. “Don Casmurro” está na fila, mas há outros na frente. As resenhas de seus livros sempre me deixam intrigada e curiosa, mas a contracapa e a sinopse nem sempre me estimulam, rs.
Bjs
@Cíntia Mara, muito obrigada pelo comentário. E fico contente que minhas tentativas de resenhar alguns dos livros que leio estimulam uma vontadezinha de lê-los em alguém.
Beijos e volte sempre.
Daniela, excelente resenha. Não li esse livro ainda. Mas, pelo autor creio que fez uma ótima escolha, de fato ler Machado é uma experiência enriquecedor. O gosto de leitura é subjetivo mesmo, não há como fugir do prazer pessoal. Aliás, é importante levá-lo em consideração. Ainda assim, percebi que você soube equilibrar muito bem o gosto subjetivo e a consciência crítica da obra. Parabéns!
Beijocas
@Vivi, muito obrigada!
Creio de terei de ler mais uma vez o livro para compreender melhor a obra. E obrigada.
Beijos.
Bem não li Machado de Assis ainda, e isso que tenho algo dele na minha estante, mas sempre aparece outro pra ler..rsrs…uma hora dessa eu tomo vergonha e leio…..bem sobre a resenha do livro….saiba que ficou ótima e sincera…Parabéns!!!!!!…até fevereiro…bjus elis!!!!!!
@Elisandra, obrigada pelo comentário!
Machado é um dos grandes autores brasileiros,mas não farei demagogia aqui. Eu mesma li apenas 4 livros deles e uns dois ou três contos.
E obrigada pelo elogio.
Beijos.
[…] – Quincas Borba (Machado de Assis) GOSTOU DESTE TEXTO? […]
[…] Janeiro – Quincas Borba (Machado de Assis) […]
[…] Quincas Borba (Machado de Assis) – o livro não se encaixa muito bem na categoria, mas como eu não tenho nenhum exemplar do segmento e esse eu comprei em uma banca naquelas promoções de jornal “por mais X reais você leva um exemplar do livro tal” acho que serve. [resenha] […]
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[…] McCarthy) 07.01.2010 02. Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis) 16.01.2010 03. Quincas Borba (Machado de Assis) 25.01.2010 04. Lutando na Espanha (George Orwell) 05.02.2010 05. Por Quem os Sinos Dobram (Ernest […]
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