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O Guia do Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams

O Guia do Mochileiro das Galáxias é uma  trilogia de quatro livros que na verdade são cinco, escrita por Douglas Adams. Seu primeiro Volume, homônimo, trata do encontro inusitado de quatro indíviduos que já se viram anteriormente e da partida desses mesmos quatro para uma aventura pelo espaço. Arthur Dent, Ford Prefect, Trillian e Zaphod Beeblebrox são um quarteto pouco usual.

Arthur é um terráqueo sem nenhuma qualidade que o destaque. Ford é um alienígena na Terra, amigo de Arthur, e passou os últimos quinze anos em um exílio forçado quando resolveu dar uma chegada na Terra para ver no que poderia contribuir para aumentar o verbete sobre ela no Guia do Mochileiro das Galáxias (falo sobre esse interessantíssimo item mais tarde), afinal esse é seu trabalho. Trillian também é uma terraquea, mas isso só é contado depois que todos já tiveram seu improvável encontro graças ao Gerador de Improbabilidade Infinita – “uma nova e maravilhosa invenção que possibilita atravessar imensas distâncias interestelares num simples zerésimo de segundo, sem toda aquela complicação e chatice de ter que passar pelo hiperespaço” (p. 90). Zaphod Beeblebrox é o responsável pela moça se encontrar tão longe de casa, pois ao entrar de penetra em uma festa, conquistou-a e a levou para um passeio intergalático, além disso ele é presidente da Galáxia e rouba a nave Coração de Ouro.

Esse encontro improvável ocorre quando a nave e seu gerador salvam Arthur e Ford da morte. Eles foram jogados de uma câmera de descompressão direto para o vácuo espacial depois de pegarem carona em uma nave Vogon. E porque eles pegaram carona em uma nave Vogon, logo desses seres burocráticos que detestam dar carona? Para se salvarem da destruição da Terra, colocada em ação pelos próprios Vogons, para a contrução de uma via expressa hiperespacial.

A partir daí, algumas coisas muito interessantes acontecem ao grupo, que é acompanhado por Marvin, um robô maníaco depressivo que rouba a cena com suas tiradas mau-humoradas e totalmente desestimulantes. Eles acabam descobrindo uma porçaõ de coisas até a resposta para a pergunta fundamental sobre a vida, o universo e tudo mais. O problema é que a resposta dada pelo computador Pensador Profundo – 42 – não satisfez quem a solicitou e um novo computador foi criado para saber afinal qual é a pergunta! Para saber o que o quarteto improvável e o robô tem com isso é preciso ler o livro.

E o Guia do Mochileiro das Galáxias? Bom, ele é um guia para todos aqueles mochileiros que desejam viajar pelo universo com pouco dinheiro. Um livro eletrônico (pai dos iPads e Tablets da vida, pois Adams pensou no gadjet já na década de 1980!) com milhões de verbetes que permitem ao mochileiro desfrutar ao máximo de suas viajens. O que ele fala sobre a Terra? Inofensiva. Só isso. Inofensiva. Mas Ford pretende aumentar o verbete, afinal ele passou 15 anos nesse planeta inofensivo. Ou melhor, praticamente inofensivo. E o mais importante, ele define a necessidade de possuir sempre consigo uma toalha.

Um livro delicioso de ler, com diálogos muito bem estruturados, uma narrativa gostosa, que se resolve completamente. Um humor inteligente e cheio de frases que ecoam até hoje por toda a “nerdosfera“, como “Praticamente Inofensiva“, “Não entre em pânico!“, “Toda a resistência é inútil“. A perpicácia de Adams ao atribuir características, questionamentos e situações bem específicas para cada personagem dá um tom filosófico para seu humor.

Os diálogos são um momento a parte. Eles são tão bem construídos que é possível intuir inclusive o volume da voz e a expressão facial que cada personagem faz ao pronunciar suas palavras. Mesmo frases curtas, com uma ou duas palavras fazem sentido e complementam a ideia que está sendo construída em cada parágrafo. Nada é supérfluo ou apenas decorativo. O leitor atento encontrará em todas as falas de personagens, descrições de situações, verbete do guia um elemento que colabora para o crescimento e enriquecimento da história que está sendo contada.

Ademais, o humor de Adams é ácido e crítico. Sua preocupação em falar de temas relevantes a partir do cotidiano e do inesperado, de situações cômicas e absurdas é louvável e demonstrada de forma muito interessante. Outro ponto forte do livro é o grande número de referências que pude perceber ao universo tecnológico e à ecologia, duas de suas grandes paixões. Fora as que não fui capaz de ver.

Por isso, e por muitas outras coisas que meu cérebro milhares de vezes menor do que o de Marvin não poderia entender, O Guia do Mochileiro das Galáxias é um livro magnífico de humor e Ficção Científica juntos, que pela segunda vez* me deixou muito feliz por ter lido.

* Li o livro dois anos atrás e senti que era preciso retomá-lo para realizar as três leituras que escolhi para o mês de Abril no Desafio Literário – os três últimos da série.

O Guia do Mochileiro das Galáxias
Douglas Adams
204 páginas
Editora Sextante
Nota: 4/5

Esse texto faz parte do projeto de blogagem coletiva Desafio Literário 2011, proposto pelo blog Romance Gracinha. A resenha corresponde ao mês de abril, cujo objetivo é ler um livro de ficção científica.

Confira no blog do desafio as resenhas dos outros participantes para este mês. Ou descubra quais foram as minhas escolhas.

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Confira as outras leituras feitas para o Desafio Literário 2011:

Janeiro:
Coraline, Neil Gaiman
Memórias da Emília e Peter Pan, de Monteiro Lobato

Fevereiro
Che Guevara – a vida em vermelho, de Jorge G. Castañeda
O que é isso, companheiro?, de Fernando Gabeira

Março
As Brumas De Avalon Livro 1 – A Senhora Da Magia, de Marion Zimmer Bradley
As Brumas De Avalon Livro 2 – A Grande Rainha, de Marion Zimmer Bradley

Anarca, feminista, vegana, cat lady, bookworm, roller derby, hiperbólica, entusiasta das plantas e constante aprendiz. Rainha de paus, professora de história, amante de histórias. Meu peito é de sal de fruta fervendo num copo d'água. ♀️✊Ⓥ

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20 Comentários
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Vivi
8 de abril de 2011 2:36 pm

Carácolis, lendo as resenhas da galera, eu não entendo porque eu não consegui passar do primeiro livro. Eu não consegui me imergir na história, ter prazer na leitura…gente, me sinto um et…hehehe
Ótima resenha!

Mi Müller
9 de abril de 2011 11:31 pm

Caramba que foto mais legal… adorei a produção com a toalha hehehehehe… eu não coloquei a série na lista do desafio mas pretendo ler ainda nesse mês… adorei a resenha, fiquei com mais vontade ainda de ler hehehehe…
estrelinhas coloridas…

wakko
12 de abril de 2011 9:33 am

Eu acho os 3 primeiros livros da série muito bons, o humor britânico de Adams é ótimo, os personagens bem desenvolvidos e as tramas prendem o leitor.
Já o 4o e livros eu não gostei taaanto, acho que a qualidade caiu bem…
Mas com certeza a trilogia de 5 livros é leitura obrigatória para quem quer se divertir 😉

Karol
27 de abril de 2011 8:16 am

Adorei a foto!
Então, ainda não tive coragem de encarar a série.. Mas tem tanta gente falando bem que acho que vou tomar vergonha e comprar o primeiro!
Ótima resenha!
=)

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29 de maio de 2011 6:13 pm

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8 de junho de 2011 11:25 pm

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1 de julho de 2011 12:09 am

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1 de julho de 2011 2:40 pm

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21 de julho de 2011 9:04 am

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28 de julho de 2011 8:15 pm

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5 de agosto de 2011 6:06 pm

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18 de agosto de 2011 10:53 am

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7 de dezembro de 2011 6:34 pm

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25 de maio de 2012 5:17 pm

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Pedro
24 de agosto de 2016 2:04 pm

Caramba ficou massa este post sensacional Parabéns!!

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13 de setembro de 2020 4:40 pm

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27 de setembro de 2020 2:57 pm

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27 de setembro de 2020 3:10 pm

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11 de outubro de 2020 12:09 am

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