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O Coração das Trevas, de Joseph Conrad

O Coração das Trevas foi escrito pelo escritor polonês Józef Teodor Nalecz Korzeniowski, conhecido como Joseph Conrad. Nascido na Ucrânia, se naturalizou britânico aos 30 anos de idade e foi marinheiro a serviço da Coroa Belga do rei Leopoldo II durante a colonização do Congo.

O Coração das Trevas é considerada uma das obras literárias de maior relevância da literatura britânica. O livro foi publicado pela primeira vez em 1902 (tendo sido publicado pela primeira vez em 1899 numa revista, dividido em três partes) e é fruto da viagem que Conrad realizou ao continente africano em 1890. Ele teve uma grande decepção ao descobrir o quão grave era a situação pela qual a África passava. O obra expressa, portanto, fortes críticas ao imperialismo e ao colonialismo.

A estrutura da narrativa é bastante interessante: uma narrativa em primeira pessoa dentro de outra narrativa em primeira pessoa. Um grupo de marinheiros narra a pequena reunião entre eles e seu capítão, Charles Marlow – protagonista –  que inicia sua narrativa sobre sua aventura no continente africano quando foi resgatar Kurtz, um comprador de marfim cujos métodos civilizatórios desnudam a selvageria da exploração colonial. Kurtz é um homem idealista e é, aos poucos, apresentado ao protagonista Charles Marlow ( e ao leitor), e acaba por revelar-se um homem transformado pela realidade que encontrou no coração das trevas que é a selva africana. Tal narrativa é conduzida pelo tom de lentidão dos marinheiros que contam histórias e bastante pesada. Tal lentidão permite que o leitor perceba a crueza do relato.

Conrad conduz sua obra deixando escapar alguns elementos da crítica a esse imperialismo. Apesar de algumas passagens possuirem um tom racista (parte do espírito da época), ele é bastante diluído naquilo que parece ser fundamental para o escritor, a dura realidade africana – tanto para os nativos e a natureza exótica e esplêndida, quanto para aventureiros e idealistas, materializado pelo personagem Kurtz.

O Horror! Essa é a expressão que define a empresa Imperialista e a conclusão a qual Kurtz chega sobre seus atos.

Ao contrário do que imaginei, a obra não foi uma leitura rápida. Apesar das poucas páginas, o texto é complexo e exige um grau de atenção redobrado. Uma leitura para ser repetida, reavaliada e sempre mencionada. Como Jorge Luis Borges aponta, “O coração das trevas é o mais intenso de todos os relatos que a imaginação humana jamais concebeu.” E em 1979 o livro foi adaptado para o cinema pelo diretor Francis Ford Coppola sob o título de Apocalypse Now, uma alegoria ontra a Guerra do Vietnã.

O Coração das Trevas
Joseph Conrad
L&PM
152 páginas
Nota: 3/5

Este texto faz parte do projeto Desafio Literário 2010 proposto pelo blog Romance Gracinha e corresponde ao mês de Dezembro, cujo objetivo é ler um livro (ficção ou não ficção) que tenha a palavra “Coração” no título.

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Confira no blog do desafio as resenhas dos outros participantes para este mês.

E confira também os livros que li até agora para o desafio:

JaneiroQuincas Borba (Machado de Assis)

FevereiroAs Crônicas de Nárnia – Volúme Único (C. S. Lewis)

MarçoOrgulho e preconceito (Jane Austen)

AbrilConfesso Que Vivi (Pablo Neruda)

MaioMelancia (Marian Keyes)

JunhoDivã (Martha Medeiros)

JulhoPor Quem os Sinos Dobram (Ernest Hemingway)

Agosto: A Pedra da Lua (Wilkie Collins)

Setembro: Desafio incompleto

Outubro: Desafio incompleto

NovembroO Bobo, de Alexandre Herculano

Anarca, feminista, vegana, cat lady, bookworm, roller derby, hiperbólica, entusiasta das plantas e constante aprendiz. Rainha de paus, professora de história, amante de histórias. Meu peito é de sal de fruta fervendo num copo d'água. ♀️✊Ⓥ

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Vica
22 de dezembro de 2010 1:10 pm

Tb li esse. Mas confesso: não achei assim tão intenso. Sei lá.
Realmente, apesar de curta a narrativa, ele te faz ler devagar.

Mi Müller
23 de dezembro de 2010 2:40 pm

Báh Dani não conhecia este livro mas fiquei com vontade ler, adorei a resenha 🙂
estrelinhas coloridas…

trackback
26 de dezembro de 2010 9:05 am

[…] CONTATO « O Coração das Trevas, de Joseph Conrad […]

Vivi
30 de dezembro de 2010 2:33 pm

Oi, Dani! Parece-me uma narrativa bem estruturada e pensada. Eu quero ler.
Beijocas e parabéns pela participação, queridaça.
Vivi

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