Esqueleto na lagoa verde: Ensaio sobre a vida e o sumiço do coronel Fawcett é um livro reportagem publicado em 1953 (edição que eu li) e narra a aventura do jornalista Antonio Callado em uma expedição a um dos afluentes do Rio Xingu, no Mato Grosso, em 1952, como parte de uma comitiva de jornalistas bancada por Assis Chateaubriand. Sua viagem foi motivada pela ossada encontrada nas margens de um rio e que atribuiu-se a Percival Harrison Fawcett, um explorador britânico que desapareceu no interior do Brasil em 1925, quando procurava uma cidade perdida no interior do país.
A história de Fawcett inspirou uma infinidade de obras, desde o livro O Mundo Perdido, de Arthur Conan Doyle, até as aventuras de Indiana Jones. Além disso, o desaparecimento do explorador intrigou a todos, e no Brasil, quando uma ossada foi encontrada e se pensou ser dele, uma porção de gene ficou interessada no assunto. Um grupo indígena dos Calapalo haviam contado ao sertanista Orlando Villas Boas que, alguns anos antes, três exploradores tinham sido mortos naquela região. As informações fornecidas pelos índios Calapalo e a região em que os assassinatos ocorreram estavam de acordo com o pouco que se sabia sobre o desaparecimento de Fawcett, eu filho e um terceiro explorador.
Mesmo antes de a expedição chegar ao local em que Vilas Boas desenterrou a ossada, já se sabia que ela não pertencia ao explorador, os ossos indicavam uma pessoa com mais ou menos 1,70m e Fawcett era um sujeito de mais de 1,80m. O mistério do desaparecimento do explorador continuava. E a obra de Callado não o resolve. Ele apresenta todas as teorias existentes e as suas própria, sempre deixando claro para o leitor que não passam disso, teorias. Além do mais, tenta entender os motivos que trouxeram Fawcett para o Brasil.
No entanto, o que eu achei mais interessante na narrativa foi a experiência da expedição, de estar entre indígenas, convivendo com uma cultura totalmente estranha à sua, com hábitos distintos e sensibilidades que precisavam ser respeitadas para que a convivência naqueles poucos dias não acabasse em desastre. Analisando sua experiência, o autor reflete um pouco sobre políticas indígenas que precisavam ser efetivadas naquela década. Também achei interessante a descrição dos entrepostos e vilas no meio da mata, o modo de vida de pessoas que privadas de todo tipo de conforto realizavam uma tarefa importantíssima para o desenvolvimento do interior do Brasil.
O livro é uma mescla de sua reportagem sobre o desaparecimento do explorador e o encontro de uma ossada que poderia ter sido dele com uma espécie de making off de seu relato, mostrando as dificuldades em se chegar aos locais, de obter as informações, de convívio com as fontes. Eu fiquei extremamente feliz com a leitura desse livro, pois descobri uma história incrível e misteriosa que é a do Fawcett, além de ler sobre uma temática muito importante que é a temática indígena. Um livro pequeno, com reedições bem recentes (para aqueles que não gostam ou não têm acesso a primeira e antiga edição).
Esqueleto na lagoa verde: Ensaio sobre a vida e o sumiço do coronel Fawcett
Antonio Callado
99 páginas
Nota: 3/5
Esse texto faz parte do projeto de blogagem coletiva Desafio Literário 2011, proposto pelo blog Romance Gracinha. A resenha corresponde ao mês de maio, cujo objetivo é ler um livro-reportagem.
Confira no blog do desafio as resenhas dos outros participantes para este mês. Ou descubra quais foram as minhas escolhas.
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Confira as outras leituras feitas para o Desafio Literário 2011:
Janeiro:
Coraline, Neil Gaiman
Memórias da Emília e Peter Pan, de Monteiro Lobato
Fevereiro
Che Guevara – a vida em vermelho, de Jorge G. Castañeda
O que é isso, companheiro?, de Fernando Gabeira
Março
As Brumas De Avalon Livro 1 – A Senhora Da Magia, de Marion Zimmer Bradley
As Brumas De Avalon Livro 2 – A Grande Rainha, de Marion Zimmer Bradley
Abril
O Guia do Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams
O Restaurante no Fim do Universo, de Douglas Adams
A Vida, o Universo e Tudo Mais, de Douglas Adams
Maio
A Última Trincheira, de Fábio Pannunzio
Nossa, esse é livro é total novidade para mim. Gente, dá um bom enredo para um thriller…rs
Ótima dica!
Beijocas
Meu professor de Técnica de Redação já citou esse livro umas tantas vezes em aula – sempre como exemplo a ser seguido (com relação à forma de escrever). Tanto que só passei a saber um pouco sobre a obra após o início do segundo bimestre, após tantas referências em aula. Fui atrás de informações e me pareceu bem interessante. Gosto muito de narrativas instigantes. E ainda tem o “toque” de jornalismo literário, uma história real com ar de romance. Aliás, essa coleção da Companhia das Letras possui ótimos títulos. Recomendo o que li para o Desafio Literário, “Na Pior em Paris e Londres”, de George Orwell (é MUITO bom!) e “Chico Mendes – Crime e Castigo”, de Zuenir Ventura. Este deixa um pouco a desejar – é meio tendencioso, dá pra sentir o peso do envolvimento do autor com a situação narrada, mas a leitura é bem tranquila e agradável.
Excelente resenha! Fica como incentivo para ler logo o livro de Antonio Callado!
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